Rivoli: “Não podemos em seis meses resolver o que não foi feito em 12 anos”, diz Paulo Cunha e Silva

Vereador da Cultura da Câmara do Porto diz que o concurso para encontrar um director de programação para o Teatro Municipal será lançado ainda esta semana.

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Fernando Veludo/Nfactos

O vereador da Cultura da Câmara do Porto, Paulo Cunha e Silva, disse, esta terça-feira, que a plataforma artística Plateia “tem de ser paciente”, argumentando: “Não podemos em seis meses fazer o que não foi feito em 12 anos”. O vereador reagia assim à “preocupação” expressa pela Plateia, em comunicado, sobre o futuro do Teatro Municipal – Rivoli e Campo Alegre. O concurso para encontrar um director de programação para o teatro deverá ser lançado ainda esta semana.

No final da reunião privada do executivo, Paulo Cunha e Silva explicou que o anúncio de abertura do concurso deverá ser publicado em Diário da República “ainda esta semana” e que, a partir desse momento, os candidatos têm nove dias para apresentar os seus argumentos – que passam pelos anos de experiência, a capacidade de angariação de fundos e a metodologia de trabalho que pretendem imprimir à gestão dos dois pólos teatros. E candidatos, garante Cunha e Silva, é coisa que não deverá faltar. “Tivemos muitas perguntas de potenciais candidaturas e tivemos até uma coisa que eu não sabia que existia, que são candidaturas espontâneas, mas não vou dizer, obviamente, de quem”, disse o vereador.

Numa primeira fase do concurso, serão indicados quais os cinco candidatos melhor posicionados e estes terão de apresentar uma proposta de “metodologia de trabalho para a elaboração do projecto de programação do Teatro Municipal e do prazo de apresentação” desse mesmo projecto. Findo o prazo desta apresentação (que deverá rondar também os nove dias), o director estará escolhido, mas terá ainda entre 60 a 90 dias para apresentar o seu “projecto de programação” que terá de ser aprovado pelo vereador da Cultura.

Contas feitas, Paulo Cunha e Silva espera ter um director escolhido “no fim de Maio”, mas admite não ter uma programação definida para o Rivoli e o Campo Alegre muito antes do “fim do ano”. Antes disso, a partir de Setembro, o Rivoli vai receber o já anunciado festival internacional de dança, denominado O Rivoli Já Dança.

Uma espécie de “rentrée do Rivoli”, que irá acontecer numa altura em que, supostamente, o teatro já terá um director de programação, mas Paulo Cunha e Silva não antevê aí qualquer problema. “Não é complicado. Qualquer director que entra num espaço herda a programação anterior. Seria penoso ter o teatro sem programação durante tanto tempo”, disse.

Sobre o comunicado da direcção da Plateia que questionava, entre outros pontos, o facto de o vereador lhes ter comunicado que o Rivoli e o Campo Alegre só estarão “em pleno funcionamento daqui a dois anos aproximadamente”, Paulo Cunha e Silva precisou: “O que eu disse foi que o Teatro Municipal só vai estar a funcionar daqui a dois anos como eu gostaria. Vai haver uma consolidação progressiva, até porque este ano não terá orçamento para funcionar em pleno.”

O futuro director do Teatro Municipal terá de apresentar um projecto de programação para três anos e provar à câmara que é capaz de captar fundos e participar no modelo administrativo. “A nossa escolha vai recair sobre alguém que terá de ser também um fund raiser, não pode estar apenas sentado na cadeira [a gerir um orçamento]”, disse.

Depois de, durante a reunião do executivo, ter ouvido as explicações da maioria sobre o concurso para escolher um director de programação para o Teatro Municipal, o vereador da CDU, Pedro Carvalho, disse ter "muitas dúvidas sobre o modelo de externalização" escolhido. "A programação devia estar na câmara e devia haver uma colaboração directa com os agentes culturais e escolas artísticas da cidade", disse.

Entre as preocupações levantadas durante o encontro - também pelo PSD, segundo o comunista - esteve ainda o orçamento destinado ao Teatro Municipal. "Questionamos que montante vai haver para o teatro, mas o que nos disseram foi 'vamos ver'", disse.

Rui Moreira foi questionado sobre a acção movida em tribunal pela Seiva Trupe, na tentativa de voltar a ser a companhia residente do Teatro do Campo Alegre, mas o autarca preferiu não se estender no tema. "Tudo o que a Seiva Trupe alega ocorreu no tempo do executivo anterior. Nós tentamos negociar com a companhia para chegar a bom porto, mas não foi possível. Quanto ao resto, não me pronuncio sobre questões que estão nos tribunais", disse.

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