Câmara do Porto marca Feira do Livro para Setembro

Município assume organização do evento, depois da quebra de negociações com a APEL.

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A Feira do Livro regressou nos últimos anos aos Aliados, mas este ano não se realizará por falta de verbas PAULO RICCA/ARQUIVO

A Câmara do Porto anunciou, na tarde desta quarta-feira, que vai avançar com a realização da Feira do Livro na cidade. O anúncio surge depois de a autarquia ter cancelado as negociações com a APEL – Associação Portuguesa de Editores e Livreiros para a realização do evento deste ano, na sequência das declarações do presidente da associação, João Alvim, exigindo um acordo plurianual e com garantia de financiamento para os próximos anos.

No comunicado, a Câmara do Porto garante que a feira vai decorrer nos jardins do Palácio de Cristal, entre 5 e 21 de Setembro e irá contar “com programação cultural e apoio da Biblioteca Almeida Garrett”. A organização será do município e este garante que o certame “estará pela primeira vez aberto à participação de todos, desde as livrarias aos alfarrabistas, passando pelos editores e associações e cooperativas do sector”.

O município liderado pelo independente Rui Moreira ficará com a “organização total” da Feira, refere o comunicado, salientando que “em mais de 80 anos”, esta será “a primeira vez” que tal acontece.  O mesmo documento explica ainda que a decisão foi tomada “depois de terem sido ponderados vários cenários e de ter sido afastada a hipótese de se regressar ao modelo em vigor até 2012”. O projecto que será posto em prática este ano será o “adoptado no futuro”, refere o comunicado.

A 8 de Fevereiro, Paulo e Cunha Silva garantia, numa notícia do PÚBLICO que iria haver feira do livro e que o acordo que estava a ser desenhado com a APEL lhe permitia avançar que o evento decorreria em Julho, na Rotunda da Boavista e sem uma contrapartida financeira da autarquia, para lá do apoio logístico. As palavras do vereador não foram desmentidas pela APEL, mas duas semanas depois, João Alvim dizia-se “surpreso” com as declarações de Cunha e Silva e garantia que a APEL só levaria a feira ao Porto se a câmara apresentasse um protocolo plurianual que garantisse um apoio financeiro ao evento nos próximos anos. “Ou há um compromisso global para vários anos ou não há feira”, disse ao PÚBLICO.

Nesse mesmo dia, a 25 de Fevereiro, o presidente Rui Moreira fazia emitir um comunicado: “As declarações do presidente da APEL hoje tornadas públicas sobre o assunto são, por isso, no mínimo, surpreendentes, impedindo a Câmara Municipal do Porto de prosseguir com o processo, porquanto representam uma grave quebra de confiança, senão entre as partes, pelo menos entre os representantes mandatados pela APEL para as negociações e o presidente da mesma associação”.

Confrontado com o comunicado da autarquia, João Alvim considerou como “um bocadinho abusiva” a referência da autarquia à “quebra de confiança”, mas deixou a porta entreaberta a um diálogo futuro, afirmando: “O que o vereador disse [ao PÚBLICO a 8 de Fevereiro] não está em contradição com nada do que eu disse agora. Nós aceitamos as limitações de apoio para este ano, mas dissemos que era necessário chegar a um compromisso para vários anos e, até agora, nem sim nem não. A APEL faz a Feira do Livro este ano desde que haja um protocolo para vários anos. A câmara que nos envie esse protocolo e nós veremos que resposta damos.”

Durante as negociações com a APEL tinha ficado acordado que a Feira do Livro do Porto decorreria entre 26 de Junho e 13 de Julho. Agora, o novo evento, da exclusiva responsabilidade do município, transfere-se para Setembro. Uma decisão que a autarquia justifica com “a avaliação feita relativamente à receptividade dos públicos no que diz respeito à leitura”.

A câmara decidiu, por isso, fazer coincidir a feira com o arranque do ano lectivo, promovendo também o que define como uma “política de melhor distribuição de grandes eventos com potencial cultural e turístico ao longo do ano”.

O comunicado da autarquia diz ainda que o pelouro da Cultura assumirá a responsabilidade da programação cultural da feira, ficando a empresa municipal Porto Lazer com a tutela dos aspectos “relacionado com a logística e animação do certame”.

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