A carta que Daniel Bessa escreveu à primeira-secretária da mesa da Assembleia Municipal do Porto (AMP), Ana Paula Vitorino, comunicando a renúncia ao cargo de presidente daquele órgão fiscalizador da câmara tinha apenas uma linha e não invocava nenhuma razão para deixar o cargo, ao contrário do que foi revelado

A saída de Daniel Bessa apanhou Rui Moreira de surpresa. O ex-ministro da Economia fora uma escolha pessoal do presidente da Câmara do Porto para liderar a lista à AMP pelo movimento independente O Nosso Partido É o Porto, mas bateu com a porta na segunda-feira, três meses depois de ter sido empossado no cargo. A sua saída está a alimentar especulações.

"Motivos políticos", afirma a oposição; "razões pessoais", invocou o presidente da Câmara do Porto na segunda-feira à noite, pouco depois de Ana Paula Vitorino ter comunicado à assembleia que o presidente tinha renunciado ao lugar de deputado municipal para o qual tinha sido eleito.

Daniel Bessa terá tido, ao longo destes três meses, um ou outro desentendimento com o número três da mesa da Assembleia Municipal, Miguel Pereira Leite (CDS), um dos nomes de que se fala para o cargo de presidente da AMP. Mas Rui Moreira ainda não terá decidido quem vai escolher para substituir Daniel Bessa.

Ao que o PÚBLICO apurou, o economista terá dado conta do seu descontentamento a Azeredo Lopes, chefe de gabinete do presidente da câmara, através de email, mas Rui Moreira só terá tido acesso a essa informação mais tarde. O presidente da Câmara do Porto e Daniel Bessa terão falado nesta quarta-feira ao telefone.

O PÚBLICO falou ontem com Daniel Bessa, que não quis, para já, fazer nenhum comentário sobre as razões que o levaram a sair. “Agora não vou falar, talvez mais tarde”, disse o economista, confirmando que a carta que escreveu tinha apenas uma linha.

Rui Moreira e Ana Paula Vitorino, que presidiu na segunda-feira à reunião da assembleia, deverão acertar por estes dias a marcação de uma sessão para eleger o novo presidente da mesa da AMP.