Vendas fracas da Wii U afundam resultados da Nintendo

Gestores cortam os próprios salários e estão à procura de uma reviravolta estratégica.

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A Nintendo diz que não vai distribuir jogos em telemóveis e tablets Yuya Shino/Reuters

Os lucros da Nintendo caíram 30% nos últimos nove meses de 2013 face a 2012. Os resultados, apresentados nesta quarta-feira, foram prejudicados pela pouca procura da consola doméstica Nintendo Wii U, que, desde o lançamento, tem estado muito abaixo do esperado, e também pelas fracas vendas dos videojogos.

O presidente da empresa admitiu a necessidade de uma reviravolta estratégica. “A Wii U não está em boa forma. Esse é o pressuposto que temos para avaliar uma mudança”, afirmou Satoru Iwata, que está no cargo há 12 anos. “Os anúncios na TV não vão, por si, convencer os consumidores a comprar os nossos produtos. Os utilizadores querem agora mais informação e muitas coisas diferentes disputam hoje a atenção dos consumidores. É mais difícil fazê-los reparar nos nossos produtos”.

Iwata não explicou quais as mudanças que pretende fazer, mas anunciou um corte de 50% no próprio salário entre Fevereiro e Junho, e cortes substanciais na remuneração do resto da equipa de gestores. Além disso, a empresa vai comprar 7,8% de acções dispersas, como forma de compensar os accionistas pela redução nos dividendos.

Já mais do que uma vez a Nintendo teve de rever em baixa as previsões de vendas da Wii U, lançada no final de 2012. A consola tem como uma das grandes novidades um ecrã no comando, que permite criar novas mecânicas de jogo e funciona também como uma espécie de consola portátil dentro de casa. Mas o conceito não convenceu os consumidores, contrariamente ao que aconteceu com a antecessora Wii, que popularizou a ideia de jogos controlados por movimentos (e que registou vendas de um pouco mais de um milhão de unidades).

Nos primeiros nove meses de 2013, foram vendidos 2,4 milhões de Wii U. Ainda este mês, a empresa tinha feito previsões de 2,8 milhões – um valor que já era um terço das previsões iniciais. A fraca venda de consolas também significa vendas reduzidas de jogos, onde as margens de lucro são mais elevadas. A concorrência tem tido um desempenho muito melhor. A Sony afirma ter vendido 4,2 milhões de PlayStation 4 desde que a consola foi posta à venda, em Novembro. A Xbox, de acordo com a Microsoft, vendeu mais de três milhões de unidades. A portátil Nintendo 3DS vendeu 11,65 milhões de unidades, também aquém das expectativas.

A Nintendo tem sofrido com a concorrência dos jogos para telemóveis e tablets, que aliciam os chamados jogadores casuais, que são, em boa parte, o alvo da marca nipónica. Analistas e media têm especulado sobre a hipótese de a Nintendo começar a distribuir os seus jogos – que incluem séries muito conhecidas, como Super Mario e Zelda – nestas plataformas. Porém, nesta terça-feira, em resposta a uma notícia no jornal japonês Nikkei, a Nintendo emitiu um comunicado em que diz não ter planos para lançar jogos fora das suas próprias plataformas.

A empresa apresentou 10.195 milhões de ienes de lucro, cerca de 73 milhões de euros, e receitas de vendas a rondar os 357 milhões de euros. A companhia teve prejuízos operacionais de 11,3 milhões de euros. A Nintendo tem a maior parte da facturação fora do Japão e para os lucros contribuiu uma receita aproximada de 344 milhões de euros com o câmbio de outras divisas para ienes, mais do dobro do ano anterior.

 

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