Depois da polémica, Fantasporto regressa sem pré-festival e com Dorminsky de novo como presidente

O Festival Internacional de Cinema do Porto regressa ao Teatro Municipal Rivoli, entre 28 de Fevereiro e 9 de Março, sem nomes históricos da sua organização, como António Reis e César Nóbrega.

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Antes da conferência de imprensa agendada para a manhã desta quinta-feira, Mário Dorminsky – o “novo” presidente do Fantasporto – e a mulher, Maria Beatriz Pereira, a directora do festival internacional de cinema do Porto, tomaram café nas imediações do Teatro Municipal Rivoli e foram surpreendidos com a pergunta do empregado que os conhece há vários anos: “Afinal, vai haver Fantas?”

Depois da polémica, envolvendo suspeitas de irregularidades na gestão da cooperativa Cinema Nova, responsável pelo Fantasporto, o festival está de regresso ao Rivoli, entre 28 de Fevereiro e 9 de Março. Sem o histórico António Reis, mas também sem mossas, garante Dorminsky, que promete “o melhor festival dos últimos anos” e regressa oficialmente ao festival, depois de abandonar o pelouro de vereador da Cultura da Câmara de Gaia, que ocupou nos últimos mandatos de Luís Filipe Menezes.

Sem novidades sobre a programação, que se mantém “praticamente inalterada” desde que foi dada a conhecer no final do ano passado, o Fantasporto vai, ainda assim, ser um pouco diferente do habitual. É “mais compacto”, descreveu Beatriz Pacheco Pereira, sem grandes revelações antecipadas quanto a convidados – que serão muitos, garante Dorminsky, mas que não serão anunciados até que haja uma confirmação definitiva – e sem Pré-Fantas.

Mário Dorminsky esclarece que a decisão de não realizar o Pré-Fantas (um conjunto de sessões em que eram apresentados filmes que tinham feito parte de edições anteriores do festival) foi tomada na noite de quarta-feira, depois de ter concluído, com a mulher, que o programa que queria pôr em prática nesse período não seria exequível. “Não é ano de perder dinheiro”, resumiu.

O Fantasporto aparece, este ano, sem António Reis, que esteve directamente envolvido na polémica que atingiu a Cinema Novo, chegando a desmentir Dorminsky em mais do que uma ocasião. Um histórico do festival, António Reis abandonou, em 2013, a cooperativa, com César Nóbrega, outro nome bem conhecido do Fantas. Em Outubro, em declarações ao PÚBLICO, Reis mostrou-se “desconcertado” com um comunicado da direcção do festival, assinado por Beatriz Pacheco Pereira, em que se declarava que ele “nunca teve, como continua a não ter, funções de direcção do Festival, nunca redigiu ou assinou qualquer documento oficial e nunca representou a Cooperativa ou o Festival junto de qualquer entidade oficial”.

Na altura, António Reis garantiu que é citado como director do Fantas nos dossiers enviados ao Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA) e nos catálogos do festival, argumentando: “Estava convencido de que era nessa qualidade que subia ao palco nas sessões de abertura e encerramento do festival”.

Agora, Beatriz Pacheco Pereira frisa que “o César e o Reis não foram despedidos, não eram funcionários, eram sócios”, afirmando: “Era preciso saber quais as pessoas que estão interessadas no projecto e quais não estão”. Mário Dorminsy acrescentou: “Porque é que as coisas aconteceram? Não sei.”

Os dois responsáveis recusaram-se, contudo, a prestar esclarecimentos sobre qualquer desenvolvimento na sequência da denúncia que chegou ao ICA, dando conta de diversas irregularidades na gestão da cooperativa e na organização do festival e que foi tornada pública pela revista Visão, em Setembro. “Não vamos falar sobre isso. O único processo que existe sobre esse caso foi metido por nós e já demos as informações todas que entendíamos ser necessárias. O processo está em segredo de justiça e a decorrer nos tribunais”, afirmou Beatriz Pacheco Pereira.

Os dois centraram-se, por isso, em reiterar o que será o Fantasporto 2014. O festival vai decorrer entre 28 de Fevereiro e 9 de Março, exclusivamente no Rivoli. Dos cerca de 200 filmes a exibir, há 11 ante-estreias europeias ou mundiais, mais 54 inéditos portugueses, e 32 países representados na edição deste ano do festival. A “abertura simpática”, como descreveu Dorminsky, será entregue a Vampire Academy (dia 28, às 21h, no grande auditório do Rivoli”), uma nova saga de vampiros, não muito afastada da Twilight, e que já fez nascer clubes de fãs eufóricos um pouco por todo o mundo.

A nova secção Fantas Classic vai ser dedicada a Victor Fleming e permitir que os espectadores assistam às versões restauradas dos dois grandes clássicos do realizador – O Feiticeiro de Oz (28 de Fevereiro, 23h15) e E Tudo o Vento Levou (7 de Março, às 14h). A nível nacional, o Fantas vai homenagear o produtor Henrique Espírito Santo e é no âmbito desta homenagem que o Rivoli vai receber as duas únicas longas-metragens exibidas em 35 milímetros – O Recado, de José Fonseca e Costa (5 de Março, ás 21h) e Veredas, de José César Monteiro (6 de Março, 21h).

The Railway Man, de Jonathan Teplitzky, com Nicole Kidman e Colin Firth, apresentado como “um dos grandes filmes do ano” tem as honras de encerramento de um festival com menos cinema asiático, muito cinema europeu, novos patrocinadores e menos custos.
 
 

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