Assembleia constituinte da Tunísia suspende trabalhos

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Milhares de pessoas concentraram-se em frente à Assembleia Constituinte, em Tunes AFP/Fethi Belaid

Milhares de pessoas atenderam à convocatória da oposição secular e saíram novamente à rua, na noite desta terça-feira, para exigir a demissão do Governo da Tunísia dirigido pelo partido islamista Ennahda e a dissolução da assembleia constituinte.

Os manifestantes estão concentrados em frente do edifício do Parlamento, onde à tarde o presidente da Assembleia Nacional Constituinte anunciou a suspensão de toda a sua actividade “até ao início do diálogo entre o poder e a oposição”.

“Como presidente da Assembleia, assumo a responsabilidade pela suspensão dos trabalhos [de redacção de uma nova Constituição] e apelo à participação no diálogo, em nome da Tunísia”, declarou Mustapha Bem Jafaar, um aliado laico do Governo.

A oposição tem organizado protestos diários contra o Governo desde o passado dia 25 de Julho, quando um dos deputados da oposição, Mohamed Brahmi, foi assassinado. A marcha de protesto desta noite pretendia ainda assinalar os seis meses da morte de Chokri Belaïd, um activista dos direitos humanos e presidente do esquerdista Movimento dos Patriotas Democratas, abatido a tiro à porta de casa.

A sua viúva, Besma Khalfaoui, responsabilizou o Governo e os islamistas pela “destruição do país”, e disse que só que a força da rua permitiria uma mudança de rumo. “O Governo vai ser obrigado a ouvir-nos”, disse à radio Express-fm.

“Nos regimes democráticos, as manifestações não mudam os governos. É só nas ditaduras que se convocam manifestações com o objectivo de fazer cair o regime”, reagiu o líder do Ennahda, Rached Ghannouchi, no jornal La Presse.

O primeiro-ministro, Ali Larayedh, apelou à rápida conclusão dos trabalhos na Assembleia Constituinte, para que o país possa avançar para eleições legislativas em Dezembro.

Dois anos depois da revolução tunisina, e 21 meses após a eleição da Assembleia Constituinte, as forças políticas do país não conseguirão entender-se para completar a nova Constituição ou acertar a lei eleitoral. Os trabalhos da Constituinte deveriam ter terminado há oito meses.

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