Portugueses cortam no consumo, mas não largam o smartphone

Venda de smartphones cresceu 46%, mas no global o comércio não está a resistir à crise.

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Vendas de smartphones dispararam em 2012 Paulo Pimenta

O barómetro de vendas da Associação Portuguesa das Empresas da Grande Distribuição (APED) relativo a 2012 revela que a compra de equipamentos de telecomunicações aumentou 4,8% face ao ano homólogo e, dentro desta categoria de produtos, os smartphones registaram uma subida de vendas de 46,4%, em total contraciclo com o mercado global do retalho.

“É a nota mais dissonante que temos no nosso barómetro”, comentou nesta terça-feira Ana Isabel Trigo de Morais, directora-geral da APED, durante a apresentação do barómetro. Enquanto o volume de vendas da grande distribuição desce 1,9%, para 20,636 mil milhões de euros, a venda de smartphones dispara, tal como com os acessórios relacionados com este tipo de equipamento.

As telecomunicações são, a par dos medicamentos não sujeitos a receita médica, as únicas categorias a registar saldo positivo. A venda de livros, consolas, software e artigos de papelaria desceu 17,6%, para 374 milhões de euros. O vestuário derrapou 7,1%, tal como os combustíveis (-4,2%). No acumulado do negócio do retalho não-alimentar a descida registada o ano passado foi de 6,4%, em comparação com 2011.

Com os portugueses a resistir ao consumo, as empresas estão a fazer “ajustamentos de área”, reduzindo a dimensão das lojas, diz Ana Trigo de Morais.

No retalho alimentar, o barómetro dá conta de uma subida de 1,3% nas vendas, para 12,451 mil milhões de euros, valor que representa o volume de negócios registado pelos associados da APED que incluem desde o Continente (grupo Sonae, dono do PÚBLICO), Pingo Doce (Jerónimo Martins) ou Lidl e Dia Minipreço. Contudo, este aumento é explicado pelas subidas dos preços provocadas pela reclassificação do IVA em Janeiro de 2012, pelo aumento do consumo dentro de casa – que levou os portugueses a confeccionarem mais refeições e, finalmente, pelas promoções.

“2012 foi o ano de todas as promoções. Não há cadeia de retalho que não tenha dado descontos expressivos, mais característicos de outros sectores como o vestuário”, diz Ana Trigo de Morais. As estratégias dos supermercados, “hipers” ou lojas discount “baseiam-se numa tentativa de fidelização do cliente” e 2013 não será muito diferente, garante.

Os últimos dados da APED sobre a prática dos descontos e campanhas remontam a 2011 e revelam que 25% do total das vendas dos associados do ramo alimentar foram feitas em promoção. “Em 2012 deve estar acima dos 25%”, disse Ana Trigo de Morais.
 

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