Jerónimo acusa Governo e troika de prepararem "terrorismo social"

Líder do PCP vê na decisão do Tribunal Constitucional uma oportunidade para o Governo avançar com o "terrorismo social" que estava "há muito delineado".

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Jerónimo de Sousa rui Gaudêndio

O secretário-geral do PCP acusou o Governo e a troika de estarem a preparar “um novo programa de terrorismo social”, que “apenas esperava por um momento oportuno” que surgiu com a decisão do Tribunal Constitucional (TC).

Jerónimo de Sousa afirmou na noite de sexta-feira que o “novo programa de terrorismo social” estava “há muito delineado”, mas que “apenas esperava um momento oportuno para o Governo o pôr em marcha”.

A decisão do TC que chumbou normas do Orçamento do Estado foi “o momento ajustado para desencadear a mais descarada operação de mentira, chantagem e passa-culpas a que o país assistiu nos últimos tempos”, realçou Jerónimo de Sousa.

O líder comunista discursava na sessão de apresentação de Hortênsia Menino, actual presidente da Câmara de Montemor-o-Novo, como candidata da CDU à presidência do município nas próximas eleições autárquicas, que decorreu no Teatro Curvo Semedo, na cidade alentejana. Numa sala cheia, Jerónimo de Sousa referiu que o “Conselho de Ministros desta semana” começou a antecipar um pacote de medidas que representa “um novo assalto ao rendimento e aos direitos dos trabalhadores, dos reformados e pensionistas e às funções sociais e aos direitos de todo o povo”.

O Governo “não foi capaz de concretizar nenhum dos objectivos e das metas” a que se tinha proposto e “vem numa encenação dramatizada dizer que o país vive uma situação de emergência e que a culpa é da Constituição e do TC”, disse.

O secretário-geral do PCP assinalou que o “novo programa de terrorismo social”, que envolve um corte de “muito mais de 4 mil milhões de euros”, tinha sido “anunciado há meses” através de um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) “para dar continuidade ao pacto de agressão”.

“Digam o que disserem e façam os apelos que fizerem ao consenso nacional para impor um novo roubo que preparam aos trabalhadores e ao povo, não há justificação para tais medidas, tal como não há razão para manter este Governo que conduziu o país para uma situação calamitosa”, acrescentou.

Críticas ao PS

No mesmo discurso, Jerónimo de Sousa lançou duras críticas ao PS, por considerar que os socialistas encenam “ser uma força da oposição” com “objectivos eleitoralistas”. “Para o PS, quanto pior melhor para os seus objectivos eleitoralistas”, afirmou.

O secretário-geral comunista argumentou que o PS encena “ser uma força da oposição” porque age para “manter vivo um Governo que politicamente está moribundo a pensar apenas como pode capitalizar o mal e o sofrimento que está a ser imposto ao país”.

“Isso é bem evidente quando cala e abandona a exigência de demissão do Governo e das eleições antecipadas”, disse Jerónimo de Sousa, assinalando que a moção de censura do PS “durou 10 dias” e que os socialistas “voltaram a acertar os trapinhos” com o Governo. “Ao contrário do que o PS afirma, não há mudança de política sem derrota deste Governo. Nem há crescimento económico, nem criação de emprego com juras de fidelização à ‘troika’ e ao pacto de agressão, como o vêm afirmando”, acrescentou.

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