Comissão de utentes garante novos protestos contra fim de isenções nas ex-Scut

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Comissão de utentes garante luta Adriano Miranda

A comissão de utentes das auto-estradas A23, A24 e A25 reagiu ao anúncio do fim das isenções nestas antigas Scut reafirmando a manutenção dos protestos “até que sejam extintas as portagens nestas vias”. Os Utente da Via do Infante (A22) acusam o Governo de "tapar o sol com a peneira" e os do Norte garantem que o novo modelo de descontos “é pior” do que o sistema até agora em vigor.

Francisco Almeida, porta-voz da comissão de luta contra as portagens A23, A24 e A25, deixou o aviso: “Os beirões não são parvos e sabem dar a resposta devida às injustiças”.

O governo anunciou este domingo que o novo regime de pagamento nas ex-scut se traduz em tarifas 15% mais baixas ao mesmo tempo que terminam as dez isenções mensais.

“O que este anúncio feito hoje pelo governo significa é apenas a extinção das isenções, porque o desconto de 15% é irrelevante. Já existia. O forte impacto negativo na economia da região, com o desemprego à cabeça, permanecerá”, adiantou.

Este membro da comissão defende ainda que acrescentar um desconto adicional de 25% para as empresas no período da noite “é risível” porque, justificou, “nenhuma, ou quase nenhuma, vai usufruir porque os motoristas têm o seu tempo de trabalho durante o dia”.

“Todas as ações de protesto que tínhamos previsto para os próximos meses vão manter-se e, provavelmente, outras surgirão, porque isto é fazer das pessoas parvas”, avisou.

"Montanha pariu um rato

Para a Comissão de Utentes da Via do Infante (A22), o Governo está a “tapar o sol com a peneira, distribuindo os descontos a toda a gente e evitando penalizações por parte da Comissão Europeia”.


“A montanha pariu um rato”, ironizou João Vasconcelos, da Comissão de Utentes da A22, descontente com o desconto anunciado.

Em reação, João Vasconcelos sustentou que, apesar do desconto, a partir de hoje a situação “agravar-se-á dramaticamente, porque irá ser muito mais penalizadora para os residentes e as pessoas que trabalham aqui [no Algarve]”, lamentando que se vá “assistir a uma Via do Infante cada vez mais deserta”.

"Vamos acrescentar crise à crise"

Os utentes do Norte afirmaram que o novo modelo de descontos “é pior” do que o sistema até agora em vigor, tendo em conta que os utilizadores diários perdem metade dos benefícios.


"Basta dizer que os utilizadores diários, com as isenções e reduções, tinham um desconto mensal total superior a 30% e agora passam a ter 15%, ou seja vamos acrescentar crise à crise”, afirmou José Ferreira.

O porta-voz das comissões de utentes do Grande Porto, Litoral Norte e Costa de Prata admite que com o novo modelo “pelo menos não se perde tudo”, mas sublinha que vai “sobrecarregar ainda mais” os utilizadores.

“Nos utilizadores não regulares, a perda ainda é maior, tendo em conta que, com as dez isenções mensais, conseguiam não ter qualquer custo num mês”, acrescentou. “Face à quebra na utilização destas vias, porque os utentes procuram alternativas com efeitos na economia e tempos de viagem, o que fazia sentido era estudar-se seriamente todas estas consequências e acabar-se com as portagens. O Estado tinha mais a ganhar com isso face aos efeitos na economia”, sublinha José Ferreira.

Uma esmola

“Trata-se de uma esmola que nada altera as graves consequências da introdução de portagens na nossa auto-estrada”, disse Gonçalo Oliveira, porta-voz da comissão de utentes da auto-estrada que liga o Porto ao Vale do Sousa, em Lousada.


Para o representante dos utentes da A41/A42 (ex-Scut do Grande Porto), que comentava o anúncio do Governo, “o povo não aguenta mais tantas dificuldades”.

“Agora, mais do que nunca, é necessário que se retomem os contactos entre as diversas comissões do norte do país para decidir medidas a tomar”, vincou, apelando à “luta de todos”.

Gonçalo Oliveira insiste nas críticas ao processo que levou à introdução de portagens nas antigas SCUT, lembrando que “o povo está a pagar duas vezes” as auto-estradas, uma por via das portagens e outra através do dinheiro que o Governo está a pagar às concessionárias.

O Governo anunciou este domingo que todos os utilizadores vão beneficiar a partir de segunda-feira de um novo regime de pagamento nas antigas Scut que se traduz em tarifas 15% mais baixas.

Sobre as novas tarifas, as empresas transportadoras de mercadorias continuarão a beneficiar de um desconto adicional de 10% nas passagens, durante o dia, e de 25%, à noite.

Este novo regime de cobrança abrange os utilizadores e empresas residentes abrangidos por sete ex-Scut: Costa da Prata, Grande Porto, Norte Litoral, Algarve, Beiras Litoral e Alta, Beira Interior e Interior Norte.

Notícia actualizada às 22h02, acrescentadas recações
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