António Borges não tem “perfil para o lugar público que ocupa”, diz Vieira Lopes
“Não vemos como é que tem perfil para um lugar público da importância que ocupa”, reagiu João Vieira Lopes, realçando que “o professor António Borges ocupa um cargo público por nomeação governamental”.
Em declarações à Lusa, o dirigente patronal espera que “o Governo desautorize esse tipo de afirmações”, no dia em que o consultor do Governo para as privatizações disse que a Taxa Social Única (TSU) é uma medida “inteligente” e acusou os empresários que a criticaram de serem “ignorantes”.
“É uma afirmação perfeitamente lamentável feita por alguém que ocupa um cargo público bastante importante na fase actual da economia, e só revela um desconhecimento completo do tecido empresarial”, acrescentou o representante das empresas de comércio e serviços.
Vieira Lopes contrapôs que “o facto de o Governo recuar na TSU é uma posição inteligente”, porque, argumentou, a medida iria provocar uma retracção “ainda mais brutal” do consumo interno, e teria “efeitos drásticos” na paz social.
“Esperamos que futuramente para medidas deste tipo [o Governo] fale primeiro com os parceiros sociais que têm uma sensibilidade que uma pessoa com perfil académico não conseguirá ter”, acrescentou.
António Borges interveio hoje no I Fórum Empresarial do Algarve, que decorre este fim-de-semana em Vilamoura e reúne mais de 300 empresários, economistas e políticos de Portugal, Brasil, Angola, Índia, Emirados Árabes Unidos e Moçambique.
“Que a medida é extremamente inteligente, acho que é. Que os empresários que se apresentaram contra a medida são completamente ignorantes, não passariam do primeiro ano do meu curso na faculdade, isso não tenham dúvidas”, afirmou.
Admitindo que a medida implica perda de poder de compra “para muita gente”, António Borges considerou, no entanto, que quem acha que “o programa de ajustamento português se faz sem apertar o cinto, está com certeza um bocadinho a dormir”.
Aquele responsável discordou ainda que, com a TSU, se proceda a uma transferência dos rendimentos do trabalho para o capital, já que o problema do país é estar “completamente descapitalizado”.
“Parece que voltámos todos ao Marxismo: o capital é uma coisa má, temos que o destruir”, referiu, criticando o facto de as pessoas dizerem que “não podem ajudar o capital”.