“Era bom” para o país e a Justiça que ministra deixasse o cargo, diz Marinho e Pinto

O bastonário da Ordem dos Advogados considerou hoje que “era bom” para o país e para a Justiça que a ministra Paula Teixeira da Cruz deixasse a pasta, afirmando que a governante “não serve os interesses” do sector.

“Era bom para o país, era bom para ela, era bom para a Justiça que a senhora ministra deixasse [o cargo], mas eu não vou pedir isso publicamente, porque, aliás, era um ato inútil da minha parte”, disse António Marinho e Pinto aos jornalistas no Porto.

Marinho e Pinto, a quem fora pedido um comentário às declarações da ministra da Justiça sobre as buscas da Polícia Judiciária às casas de três ex-membros do Governo, sublinhou que “como bastonário” não pede a demissão da ministra porque tem “este princípio”, já que isso “é da luta política na lógica e na dialéctica da oposição”.

“Para mim, entendo que seria um ato de higiene, de cidadania, haver uma mudança, não só dela mas de todo o Governo. Entendo que o senhor Presidente da República deveria fazer todos os possíveis para que se criasse em Portugal um Governo de salvação nacional, que envolvesse os dois principais partidos do arco do poder”, declarou.

Na opinião do bastonário “a ministra não serve os interesses da Justiça, mas não é só a partir destas declarações, é praticamente [desde] dois meses depois de ter tomado posse”.

“Eu tenho dito que o próprio primeiro-ministro já não lidera o Governo, já não lidera o partido, já não lidera o país, mas isso é uma questão política e eu não quero intervir directamente no debate político”, sublinhou.

Para Marinho e Pinto, com as declarações proferidas, Paula Teixeira da Cruz violou o princípio da separação de poderes e o princípio da presunção de inocência.

Os deputados do PS manifestaram hoje “indignação” com as declarações proferidas pela ministra da Justiça sobre as buscas realizadas pela PJ às residências de três ex-membros dos governos socialistas de José Sócrates, falando mesmo em “justicialismo protofascista” e sugerindo a sua demissão.

Na quarta-feira, durante uma visita ao Estabelecimento Prisional de Caxias, Paula Teixeira da Cruz foi interrogada pelos jornalistas sobre as buscas feitas pela PJ às residências dos ex-ministros Mário Lino e António Mendonça e do ex-secretário de Estado (e actual deputado do PS) Paulo Campos, no âmbito da investigação sobre as Parcerias Público-Privadas (PPP).

Na resposta, a ministra da Justiça afirmou que “ninguém está acima da lei”, que “tudo deve ser investigado” e que “acabou o tempo” em que havia “impunidade”.

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