D. Januário acusa Passos Coelho de “vilania” e “ataque atroz aos trabalhadores”

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O bispo considera que Passos está a ser mal aconselhado Foto: Nuno Ferreira Santos

O bispo das Forças Armadas classificou de “ataque atroz aos trabalhadores” as medidas de austeridade anunciadas pelo primeiro-ministro e disse ser altura de dizer “basta” ao que considera ser uma “vilania”, “insensibilidade” e “insensatez”.

D. Januário Torgal Ferreira considera que o medo é mau conselheiro, adiantando numa entrevista à TSF que na sua opinião o primeiro-ministro está a ser movido por este factor. “Estou em discordância total com o sistema governativo que existe neste momento em Portugal. Oiço desde o início que contínuo com coragem, vou em frente, mas a estrada fica juncada de cadáveres, isso é um vilania, uma insensibilidade, uma insensatez”, defendeu.

Já em declarações à agência Lusa, D. Januário Torgal Ferreira referiu que o que o “escandaliza” é a “falta de justiça social”, observando que com estas medidas se “assiste a um ataque atroz aos trabalhadores em nome da equidade”. O bispo das Forças Armadas mostrou-se ainda escandalizado com a desprotecção da população mais vulnerável, incluindo os jovens, numa altura em que grassa o “desânimo e o protesto”.

D. Januário Torgal Ferreira criticou também o “solilóquio” de Passos Coelho no Facebook, a tentar justificar como cidadão as medidas anunciadas, desafiando o primeiro-ministro a debater ideia em “diálogo aberto” e não desta forma. Nas palavras do bispo das Forças Armadas, “não é com austeridade que se salva o país” e “se o primeiro-ministro vai em frente, deixa o país fortemente desgraçado”, ou melhor “uma parte do país”.

Disse ainda que Passos Coelho deve explicar ao país por que razão disse “basta” ao Programa de Estabilidade e Crescimento 4 durante o Governo de José Sócrates, e “agora assina tudo” para que Portugal receba dinheiro. D. Januário reiterou a sua preocupação com a corrupção, alertando que “há corrupção moral, não há valores, não há ética, nem valores”, havendo apenas uma “vontade decisiva de grupos alimentados pela vontade de quem julga que é Imperador”.

Quanto ao papel do Presidente da República (PR), considerou que o actual silêncio do PR resulta da estratégia de um homem que é “naturalmente calado e silencioso” e que entende que os “silêncios são eficazes”. Notou, contudo, que o Presidente da República é a “última entidade salvadora” e que Cavaco Silva deverá saber o “que dizer e fazer” após o muito que afirmou antes sobre a questão dos cortes salariais e os sacrifícios impostos aos portugueses.

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