Carvalho da Silva refere “exercício inequívoco de aprofundamento de desigualdade”

O ex-secretário geral da CGTP, Carvalho da Silva, considerou, em Penafiel, que as medidas de austeridade para 2013 anunciadas na sexta-feira pelo primeiro-ministro são “um exercício inequívoco de aprofundamento de desigualdade”.

“São um aprofundamento da desigualdade também pela distribuição da riqueza. É pegar em 7% do valor do trabalho e passá-lo para o capital”, afirmou o antigo responsável da central sindical. Para Carvalho da Silva, “as medidas aprofundam as desigualdades num país que já é dos mais desiguais da União Europeia”.

O antigo sindicalista falava neste sábado na Universidade de Verão que a Federação do Porto do Partido Socialista está a organizar em Penafiel. A sessão de encerramento desta acção partidária, prevista para domingo, vai contar com o secretário-geral, António José Seguro. O líder do PS vai reagir em Penafiel às medidas anunciadas pelo primeiro-ministro.

Nos trabalhos deste sábado, o antigo líder da CGTP defendeu que o anúncio de Pedro Passos Coelho apresentou “medidas que reduzem a possibilidade de dinamização da procura interna e de investimento”. Falando perante algumas dezenas de militantes socialistas do Porto, criticou os que defendem que Portugal vai ter melhores condições de entrar nos mercados: “Como é que vamos estar daqui a um ano? Vamos estar despidos, sem casaco, sem calças?”.

Comentando também medidas anunciadas esta semana pelo Banco Central Europeu (BCE) para apoiar os estados mais endividados, Carvalho da Silva considerou-as “uma espécie de aspirina com uma contrapartida: quem tomar a aspirina está obrigado a tomar mais doses de veneno”. Em declarações à Lusa, no final da sua intervenção pública, Carvalho da Silva também criticou o Presidente da República, por, “desgraçadamente”, fazer “discursos pontuais de preocupação e de bondade”, que, disse, “servem mais para amortecer os protestos das pessoas”. Para Carvalho da Silva, “da parte das trabalhadores e do povo tem de haver uma reacção e a actividade política deve ser no sentido de favorecer o protesto e a mobilização.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro anunciou o aumento da contribuição dos trabalhadores para a Segurança Social, que passará dos actuais 11% para 18%. Isto permitirá reduzir a contribuição das empresas também para 18%, dos actuais 23,75%, o que, segundo o Governo, pretende aumentar a competitividade das empresas e reduzir o desemprego no país. A medida será incluída no Orçamento do Estado para 2013, para compensar a suspensão dos subsídios de férias e Natal em 2013 e 2014, que foram considerados ilegais pelo Tribunal Constitucional (TC).

Na prática os trabalhadores do sector privado perdem o equivalente a um dos subsídios. Já os trabalhadores do sector público perdem automaticamente um dos subsídios e ainda descontam mais 7% para a Segurança Social, pelo que na prática perdem o equivalente aos dois subsídios que lhes tinham sido cortados este ano. Para os pensionistas e reformados, o corte dos subsídios de Natal e de férias mantém-se.

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