Carlos Fiolhais: Armstrong foi “um emissário de todos nós”

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Armstrong não esteve sozinho na Lua AFP Photo/NASA

Foi de madrugada, numa televisão a preto e branco. Em Julho de 1969 Carlos Fiolhais tinha 13 anos, não sabia que um dia seria físico. Dessa noite de Verão, lembra-se de ter ficado acordado, à espera de ver o primeiro homem pisar a Lua. “Lembro-me de ter sentido que era uma coisa extraordinária”, contou esta noite o cientista português, depois de ter sabido da morte de Neil Armstrong. “As pessoas não acreditaram, eu tenho a dizer que acreditei.”

Não sabe se aquela noite terá ajudado a decidir o seu futuro. Nunca teve a vontade de ser astronauta que todas as crianças têm. “Fui para Física por causa do espaço pequeno – mas também grande – do que está dentro da matéria.” Também nunca teve a coragem, diz. “Neil Armstrong foi um homem corajoso, não é fácil ser-se o primeiro. E depois, Armstrong foi um homem muito discreto. Isso também foi um exemplo para todos nós. Ele calou-se, não foi um homem de espectáculo.”

No final dos anos 1960 “já havia ciência suficiente para pôr um homem na Lua”, diz. Fez-se porque houve vontade política, como Fiolhais deseja que haja outra vez. “Estou convencido de que se irá à Lua de novo e de que se irá a Marte também.”

Naquela noite de 1969, Armstrong não esteve sozinho na Lua. Além de Buzz Aldrin (e de Michael Collins, em órbita), estava toda a humanidade. “Ele era apenas um emissário de todos nós”, diz Carlos Fiolhais. “Não foi só ele que foi à Lua, fomos todos nós.”

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