Só quando o Verão chega é que descobrimos que temos peso a mais?

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A dieta mediterrânica é uma boa alternativa para ter uma alimentação saudável Foto: Rui Gaudêncio

O Verão chegou esta quinta-feira e com ele os receios de muitos portugueses de não caberem no biquini ou nos calções de banho. Nesta altura, a publicidade aos produtos de emagrecimento aumenta, as editoras também não ficam indiferentes e publicam títulos sobre este tema.

A prevalência para o excesso de peso e obesidade não afecta só as faixas etárias mais altas, Portugal apresenta índices elevados de excesso de peso e obesidade desde tenra idade: 30,2% das crianças e jovens portugueses têm excesso de peso e 14,3% são obesos, recorda Ana Rito, investigadora do Instituto Ricardo Jorge, citando dados do estudo Childhood Obesity Surveillance Initiative (COSI), no qual Portugal participa.

A globalização tem as suas consequências e a comida de plástico, tão aliciante para os mais novos, preferindo-a à dieta mediterrânica, é sem dúvida uma delas. Entre um hambúrguer, um sumo ou uma guloseima, os mais novos vão ganhando peso. Cabe aos pais um papel activo e crucial para que a auto-estima da criança não saia lesada, consideram Isabel do Carmo, endocrinologista do Hospital de Santa Maria, em Lisboa e coordenadora do livro Gorduchos&Redondinhas e Paula Veloso, nutricionista da Universidade do Porto e co-autora do livro Peso, uma questão de Peso.

No combate ao peso, as opções são muitas para os pais. Desde a compra de livros a consultas com nutricionistas, mas nunca devem iniciar uma dieta sem consultar um especialista, alertam as médicas. Na maior parte dos casos “são mesmos os pediatras que encaminham as crianças [obesas ou com peso a mais] para um nutricionista”, refere Ágata Roquette, nutricionista e autora do livro A dieta dos 31 dias.

Um país de peso

Portugal é um país de peso. O peso médio dos portugueses com mais de 15 anos ronda os 70 quilos, segundo dados do publicados no jornal BMC Public Health.

Nesta altura do ano, quando os corpos estão mais expostos, muitos desesperam por alcançar a imagem perfeita e, para o efeito, procuram dietas milagrosas. Paula Veloso considera que a influência dos meios de comunicação leva “muitos jovens a quererem ser como os seus ídolos”. Aqui a perda de peso, ou ganho para alguns, não se verifica por questões de saúde, mas sim por se ambicionar um padrão de beleza. É o papel negativo da publicidade, alerta.

A nutricionista adverte que “quando se perde peso, é para ganhar saúde, nunca para perder”. É esta a mensagem que passa diariamente aos doentes que lhe chegam.

Livros e mais livros

Se as pessoas procuram perder peso nesta altura do ano, então "é normal" que as editoras apostem nesta altura para lançar publicações alusivas ao tema, avalia Paula Veloso. A oferta é vasta e não visa, ao contrário do que a palavra 'dieta' suscita, apenas emagrecer. No geral, estas publicações ensinam a ter uma alimentação regrada e cuidada e têm como objectivo ensinar as pessoas a comer de forma equilibrada.

Paula Veloso adverte que “é preciso aprender a comer” e que os livros sobre alimentação, incluindo o seu, visam sobretudo ensinar as pessoas a adquirir bons hábitos alimentares e não a enveredar por "dietas loucas". A mesma explica que perder ou ganhar peso deve ser feito com acompanhamento e alerta que quando se perde peso de maneira rápida “a probabilidade de voltar a engordar é mais elevada”.

Isabel do Carmo não negligencia estes manuais. Considera que “para quem quer perder pouco peso” os livros apresentam alguns “planos interessantes e credíveis, mas por si só não chegam”. “É necessário actividade física complementar”, refere.

As especialistas referem que não são os obesos quem mais recorre a estes livros, mas as pessoas que querem perder três ou quatro quilos.

Bem com o seu corpo

Por vezes, são os pais, sobretudo as mães, que incitam os filhos a corresponder a um padrão que entendem como desejável, alerta Isabel do Carmo. As consequências podem ser desastrosas e levar a uma quebra da auto-estima e em casos mais graves, podem surgir distúrbios alimentares difíceis de contornar, como são o caso da anorexia nervosa e a bulimia.

Para Paula Veloso ”o mais importante é que as pessoas se sintam bem com o seu corpo” e se aceitem como são. Ficar melhor ou pior no biquini não é a questão essencial, “a noção de belo não está no exterior, mas no interior das pessoas”.

As opiniões de Agata Roquette, Ana Rito, Isabel do Carmo e Paula Veloso são convergentes: não basta fazer dieta e cortar nos alimentos calóricos. Perder peso implica não só comer de maneira saudável, mas completar com exercício físico. E não é preciso ir ao ginásio, “se a pessoa andar meia hora a pé, já é bom” aconselha Isabel do Carmo. Até para quem quer engordar o exercício físico é benéfico, pois ajuda “a aumentar a massa muscular e a regular o apetite” conclui Paula Azedo.

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