CIP admite que cortes nos subsídios possam tornar-se permanentes

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António Saraiva reconhece que "os cortes são sempre difíceis para aqueles que os sofrem" Foto: Daniel Rocha

O presidente da CIP não afastou hoje a possibilidade de os cortes nos subsídios de férias e de Natal se tornarem permanentes e se estenderem ao sector privado, em função de uma “correcta política salarial” assente na produtividade.

“Os cortes que hoje foram mencionados não os desejamos, mas o que é facto é que se não alterarmos o rumo do país, se não colocarmos o país a crescer, se não removermos os obstáculos para o desenvolvimento do país, receio que a austeridade continue e que outros cortes possam vir a ser anunciados”, afirmou António Saraiva aos jornalistas, à margem de uma audição na Comissão de Trabalho, na Assembleia da República.

As declarações do presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) surgem no dia em que a Comissão Europeia considerou, no âmbito do relatório sobre a terceira revisão do programa de assistência financeira a Portugal, que os cortes nos 13.º e 14.º meses para a função pública e pensionistas poderão ter de assumir carácter permanente, embora assevere que tal cenário ainda não foi discutido.

“Defendemos uma correcta política salarial assente nos ganhos de produtividade, enquanto isso não ocorrer, os desajustamentos que eventualmente estejam instalados terão de ser ajustados, estejam eles no 13º mês ou no 14º, pois temos de ter uma política salarial consentânea com as receitas que as empresas venham a gerar”, disse António Saraiva, sem clarificar.

Questionado sobre se entende que estes cortes devem ser também aplicados ao sector privado, o presidente da confederação patronal volta a falar sobre a necessidade da aplicação de uma “correta política salarial assente em ganhos de produtividade”.

“Admito que temos de ter uma correcta política salarial e as empresas, sejam elas públicas ou privadas, não vão poder pagar aquilo que não geram de receitas. Defendemos uma política salarial assente em ganhos de produtividade e não como até agora assente em critérios de inflação”, repetiu António Saraiva.

Reconheceu que “os cortes são sempre difíceis para aqueles que os sofrem”, mas lembrou que Portugal enfrenta “um momento de emergência nacional”.

“A realidade das empresas portuguesas aconselha a moderação salarial, que não venhamos a crescer em termos salariais como crescemos no passado, indexando os salários à inflação, temos de ter essa contenção, temos de crescer salarialmente mas indexando à produtividade das empresas”, reiterou.

E concluiu: “Esta é a única maneira de dar sustentabilidade aos salários e enquanto isso não acontecer admito que alguns dos desajustamentos que estão criados neste ou naquele sector tenham de sofrer um ajustamento”.

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