BCE volta a baixar juros para 1%

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Mario Draghi assumiu novas medidas esta quinta-feira REUTERS/Yves Herman

Sem grandes surpresas, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou hoje uma descida da sua taxa de juro directora em 0,25 pontos para 1%, depois de já ter feito o mesmo no mês passado.

O conselho de governadores do BCE decidiu hoje, na sequência da sua reunião mensal, baixar a taxa de refinanciamento do banco central em 0,25 pontos, para os 1%, o nível mínimo em que os juros do banco central estiveram entre 2009 e o início deste ano.

No dia 4 de Novembro, naquela que foi a primeira reunião do BCE presidida pelo italiano Mario Draghi, as taxas de juro tinham já descido 0,25 pontos, para 1,25%. Com esta nova redução, o novo presidente da autoridade monetária anula os aumentos de juros realizados este ano pelo seu antecessor, Jean-Claude Trichet, que subiu a taxa de refinanciamento em 0,25 pontos por duas vezes, em Maio e Julho, em resposta à subida da inflação.

O movimento era já esperado pelos mercados. O habitual inquérito da Bloomberg a 56 analistas mostrava que a larga maioria (52) antecipava uma descida do preço do dinheiro para 1%.

A taxa de refinanciamento do BCE fixa os custos a que o banco central concede dinheiro à banca europeia, influenciando, por isso, os próprios juros que os bancos pedem quando cobram dinheiro entre si e, consequentemente, o preço que estes cobram às famílias e às empresas.

Além disso, o banco central anunciou também um corte de 0,25 pontos na sua taxa de remuneração dos depósitos para 0,25%, valor em que estiveram também durante boa parte de 2009 e o início de 2010. Esta decisão decorre de forma directa da reduçao da taxa directora, mas destina-se também a desincentivar os bancos europeus a depositarem dinheiro junto do BCE, em vez de o fazerem junto de outras instituições financeiras. Nos últimos meses, os depósitos dos bancos junto do BCE tem batido recordes atrás de recordes, apesar de a taxa de remuneração ser claramente inferior à praticada no mercado.

Na conferência de imprensa habitual, por volta das 13h30, Mario Draghi poderá ainda anunciar novas medidas de ajuda aos bancos, aumentando o prazo máximo dos seus empréstimos ilimitados (para dois anos) e alargando o conjunto de colaterais (garantias) que aceita dos bancos em troca dos empréstimos. No entanto, dificilmente irá mais longe do que isto, anunciando um reforço do seu programa de compra de dívida pública aos países periféricos.

Vários economistas, bem como líderes políticos europeus, têm defendido a necessidade de o BCE ter um papel mais interventivo na crise da dívida, quer financiando o fundo de resgate do euro, quer tornando-se um “credor de último recurso” (“lender of last resort”), que garantiria sempre a compra de dívida aos Estados da zona euro impedidos de ir ao mercado. Mas o próprio presidente da autoridade monetárias já deixou claro que qualquer decisão nesse sentido nunca será tomada antes de os líderes europeus chegarem a um acordo para uma união orçamental, algo que está em discussão na cimeira que começa hoje em Bruxelas.

Notícia actualizada às 12h59
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