Ausência de diálogo põe em perigo as relações entre a banca e o Governo

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Ao contrário daquilo que o sector financeiro esperava, a APB não foi ouvida pelo Ministério das Finanças Pedro Cunha/Arquivo

A ausência de diálogo entre o Governo e os bancos no que respeita à intervenção estatal no sistema financeiro está a gerar uma reacção negativa por parte de responsáveis do sector, que temem ainda que as condições fixadas para o recurso à linha de recapitalização venham a configurar um quadro de quase nacionalização, algo que Passos Coelho tinha dito que não faria. Fontes do sector representadas na Associação Portuguesa de Bancos (APB) admitiram ao PÚBLICO que as relações com o executivo entraram agora numa nova fase, pautada por "desconfiança".

Ao contrário daquilo que o sector financeiro esperava, a APB, liderada por António de Sousa, não foi ouvida, nem envolvida pelo Ministério das Finanças, na definição das condições gerais de acesso ao mecanismo de recapitalização de 12 mil milhões de euros. Apesar do tema da recapitalização da banca estar há vários meses em cima da mesa, a banca estranha que o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, não tenha procurado ouvir as instituições sobre uma lei que se destina a ser aplicada exclusivamente ao sector, que está no centro do furacão de uma crise financeira de grandes dimensões e de consequência imprevisíveis.

Por outro lado, os banqueiros questionam o comportamento de Gaspar, pois têm decorrido nos últimos tempos múltiplas reuniões entre a APB e as Finanças para abordar, nomeadamente, a transferência dos fundos de pensões dos bancários para o Estado, o que ajudará o Governo a cumprir as metas do défice. Os encontros serviram ainda para o executivo solicitar aos bancos nacionais que apoiassem as empresas públicas, substituindo-se aos financiadores estrangeiros, que cortaram o crédito, e ajudassem ainda a alimentar os leilões de colocação da dívida soberana portuguesa. Daí as críticas lançadas às Finanças, dado que, segundo a banca, em momento algum o tema da recapitalização foi evocado.

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