Atenas vai lançar referendo sobre acordo europeu para redução da dívida aos bancos

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Georges Papandréou diz que "a vontade do povo grego irá impor-se". Grigoris Siamidis/Reuters

O primeiro-ministro grego, Georges Papandréou, anunciou hoje que vai realizar um referendo na Grécia e uma moção de confiança no Parlamento sobre o acordo com Bruxelas.

Papandreou referia-se ao acordo que foi concluído na semana passada, com vista ao abate de uma parte da dívida pública grega.

“A vontade do povo grego irá impor-se sobre nós”, declarou o chefe do Governo grego ao grupo parlamentar socialista, indicando também que vai pedir ao Parlamento um voto de confiança relativo ao acordo sobre a dívida.

Os gregos “querem adoptar o novo acordo ou será que o rejeitam? Se os gregos não quiserem, não será adoptado”, sublinhou o governante.

Numerosas manifestações ocuparam as ruas em várias cidades gregas na última sexta-feira, durante as celebrações do feriado nacional, contra as medidas de austeridade do governo socialista e as consequências do acordo europeu. Este dá aos credores controlo sobre a política orçamental do país, lançando receio em alguns de uma perda total de soberania.

Uma sondagem que se realizou no fim-de-semana mostra que a maioria dos gregos consideram as decisões da cimeira negativas, enquanto apenas 12,6% pensam o contrário. Este inquérito, realizado pelo instituto Kapa Research para o jornal To Vima, foi realizado junto de 1.009 pessoas.

Papandreou dispõe de uma maioria de 153 deputados que o apoiam no Parlamento, num total de 300 lugares, mas enfrenta actualmente um número crescente de opositores no seu próprio partido.

Na última quinta-feira, os dirigentes europeus chegaram a acordo com a banca para abater uma parte da dívida grega detida pelos bancos credores do país. Em causa está a renúncia a 50% das dívidas à banca privada, o que se traduz em 100 mil milhões de euros num total de endividamento público de 350 mil milhões.

Atenas receberá também novas ajudas internacionais de 100 mil milhões de euros até ao fim de 2014, no âmbito de um programa que substitui os 109 mil milhões que tinham sido acordados com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional em Julho passado.

Para já, prevê-se que 30 mil milhões destas ajudas serão reservados aos bancos gregos, que no âmbito do acordo para abatimento de 50% das dívidas serão muito atingidos, uma vez que os maiores donos de dívida soberana grega.

Em troca, o país terá de aceitar um verdadeiro reforço dos controlos sobre a política orçamental, que até agora era controlada de três em três meses por representantes da troika, de forma semelhante ao que sucede em Portugal.

Atenas já indicou que no seguimento do acordo assinado na última quinta-feira, os membros da troika passarão a ficar permanentemente no país. A dívida grega ascende a 350 mil milhões de euros, o que corresponde a 160% do produto interno bruto (PIB). O acordo estabelece que este montante terá de descer para 120% do PIB até 2020.

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