Fim da comissão da dieta mediterrânica pode pôr em causa candidatura à UNESCO

O vice-presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, Jacinto Gonçalves, alertou hoje que o fim da comissão de preparação de candidatura portuguesa da dieta mediterrânica a património imaterial da UNESCO pode por em causa o processo

Esta comissão foi constituída pelo anterior ministério da Agricultura, liderado por António Serrano (PS), que nomeou representantes das várias entidades envolvidas na candidatura portuguesa: Movimento Mulheres de Vermelho (que iniciou o processo com uma petição), a Fundação Portuguesa de Cardiologia, a Câmara de Tavira e, também, os ministérios da Saúde, Economia, dos Negócios Estrangeiros e da Cultura.

“Com o novo Governo, que tomou posse em Junho, esta comissão deixou de existir e é urgente que a nova ministra da Agricultura, Assunção Cristas, volte a nomear um grupo de acompanhamento da candidatura”, disse hoje à agência Lusa Jacinto Gonçalves.

O vice-presidente da Fundação, que fazia parte da comissão, admitiu que esta situação “pode pôr em causa a candidatura portuguesa”, já que “o processo tem de ser terminado e concretizado até ao início do próximo ano”.

O também cardiologista disse que “não há nenhuma questão nem política, nem financeira para que uma comissão de acompanhamento não avance”.

De acordo com Jacinto Gonçalves, que estava a acompanhar de perto os trabalhos da comissão, o processo de candidatura está “muito avançado”, dado que a cidade que representa a dieta mediterrânica em Portugal já estava escolhida.

“Tavira é a representante da dieta mediterrânica em Portugal e [o município] já agregou um conjunto de informações e factos que demonstram que na cidade há uma grande tradição desta dieta”, disse.

Por fazer está ainda a “concretização” da candidatura junto da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), acrescentou.

Jacinto Gonçalves falava à agência Lusa à margem de um almoço organizado pelo Movimento Mulheres de Vermelho e pelo evento da Lisboa Restaurant Week (Semana dos Restaurantes de Lisboa), depois de ter salientado as vantagens da dieta mediterrânica na prevenção das doenças cardiovasculares.

Questionada à margem do mesmo evento, a anterior ministra da Saúde, Ana Jorge, disse que, enquanto estava no Governo, nomeou a Direcção Geral da Saúde para trabalhar com o ministério da Agricultura na candidatura e que “vai tentar saber o que se passa”.

Considerando que “até Dezembro não há muito tempo para terminar a candidatura”, Ana Jorge afirmou que caso não se conclua o processo é uma “oportunidade que se perde”

A também pediatra considerou que a candidatura da dieta mediterrânica portuguesa a património imaterial da UNESCO funciona como uma “acção na área da prevenção da saúde” e que “pode levar a uma mudança de hábitos a longo prazo”, além de “levar ao consumo dos produtos nacionais”.

A agora deputada do PS admitiu que o fim da comissão seja apenas “uma situação burocrática”, já que o grupo “não tem custos”, avançando que “vai tentar perceber o que se passa”.

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