Cavaco Silva defende reinvenção do conceito de serviço público, sem visão ideológica

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Cavaco Silva Miguel Madeira/arquivo

O Presidente da República defendeu este sábado, em Arganil, a reinvenção do conceito de serviço público, que tenha em atenção a necessidade de “resposta rápida e adequada” aos problemas sociais dos portugueses.

“Um novo conceito que atenda mais à necessidade de dar uma resposta rápida e adequada aos crescentes problemas sociais da população portuguesa, do que ao respeito de uma visão ideológica que os tempos tornaram obsoleta”, sublinhou.

Ao presidir esta tarde, em Arganil, ao encerramento do X Congresso Nacional das Misericórdias Portuguesas, Cavaco Silva explicou que a reinvenção do conceito de serviço público deverá incidir, “nomeadamente, na diversidade das áreas sociais”.

“As dificuldades financeiras e de crescimento da economia para os próximos anos deveriam convidar-nos a pensar de forma objectiva e desapaixonada nos desafios da emergência social que já estamos a enfrentar”, afirmou.

Na sua perspectiva, “são cada vez mais os que necessitam de ajuda e são cada vez menos os recursos que o Estado lhes pode distribuir”.

“Só os portugueses e as suas instituições de solidariedade social poderão atenuar os efeitos desta calamidade social que não para de tocar um crescente número de cidadãos”, considerou.

Reportando-se às misericórdias, o Presidente da República realçou que ao longo dos seus cinco séculos de existência “nem sempre o desejável espírito de cooperação e a autonomia institucional foram respeitados” pelo Estado.

“Já na vigência do actual regime democrático essa relação, que deveria ser de confiança e de partilha, na busca de soluções para os problemas que afectavam a população portuguesa, foi fortemente abalada pela concepção estatizante de alguns governos”, frisou.

No entendimento de Cavaco Silva, os cuidados de saúde são um “bom exemplo” dessa “obsessão de tudo sujeitar à tutela e à administração directa do Estado”.

“Perdemos muitos anos a recriar o que já estava criado, a recuperar experiência e competências que já existiam, a esbanjar recursos que poderiam ser canalizados para domínios mais carenciados e de maior urgência social”, declarou.

O Chefe de Estado referiu que uma alteração dessa postura foi a recente celebração de um protocolo entre as autoridades de saúde e diversas misericórdias.

“Esse passo pode representar uma valorização significativa do sistema nacional de saúde, tornando-o mais eficaz, com maior qualidade de serviço e maior satisfação dos utentes”, salientou.

Reconhecendo a missão solidária dessas instituições ao longo da história, o Presidente da República agraciou a União das Misericórdias Portuguesas com o título de Membro Honorário da Ordem do Mérito.

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