Cavaco afirma que há "um problema de qualidade" na democracia portuguesa

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Cavaco Silva manifestou apreensão pelo desprestígio da classe política Miguel Madeira (arquivo)

O Presidente da República, Cavaco Silva, considera que há “um problema de qualidade” na democracia portuguesa, mas que não se deve “ceder ao populismo fácil de criticar a classe política”, mas antes procurar dar o exemplo.

Numa entrevista ao jornal “A Voz de Loulé”, a publicar na quinta-feira, Cavaco Silva recusa “especular sobre os resultados” das sondagens que lhe dão a vitória na primeira volta das presidenciais e faz um apelo à participação eleitoral, dizendo que “a verdadeira sondagem será realizada no dia 23 de Janeiro”.

Questionado sobre como gostaria de ser lembrado pelos portugueses daqui a 50 anos, responde: “Um algarvio, nascido em Boliqueime, que foi professor universitário, ministro das Finanças, primeiro-ministro e Presidente da República e que viveu feliz com a mulher com quem casou aos 24 anos de idade”.

A propósito da apreensão que manifestou pelo “desprestígio da classe política” portuguesa, Cavaco Silva declara: “Existe, de facto, um problema de qualidade na nossa democracia, para o qual eu alertei várias vezes. Não podemos ceder ao populismo fácil de criticar por criticar a classe política”.

“Antes disso, temos de pensar naquilo que nós próprios devemos fazer pelo país. Não irei fazer promessas que não poderei cumprir. Um Presidente responsável, no quadro dos poderes que a Constituição lhe confere, não pode prometer que vai alterar uma situação que diz respeito a todos, começando pelos agentes políticos, que devem dar o exemplo. Esse é um dos meus modos de actuação, a magistratura do exemplo”, completa.

Sobre as sondagens, considera “essencial que os portugueses se mobilizem”, porque “nunca há vitórias antecipadas” e “o que está em causa nas próximas eleições é demasiado importante para que nos deixemos alhear”.

No seu entender, está em causa escolher “o candidato que dá mais garantias de exercer um mandato presidencial para os tempos difíceis que o país atravessa”.

O Presidente da República e candidato às presidenciais de 2011 termina esta entrevista deixando “uma mensagem de esperança no futuro, de não desistência” e dizendo que “com resmunguice tudo é mais difícil e menos produtivo”.

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