Sócrates fez noitada em Trípoli nas comemorações da revolução líbia

O primeiro-ministro fez hoje uma noitada em Tripoli a assistir à cerimónia de aniversário da revolução líbia, depois de ter tido uma reunião política – o encontro 5+5 da bacia do mediterrâneo -, que durou apenas 20 minutos.

Acompanhado pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, José Sócrates chegou a Trípoli ao final da tarde de ontem, tendo sido recebido no aeroporto militar pelo primeiro-ministro líbio, Bagdahdi Mahmoudi. A comitiva do Governo português teve depois cerca de três horas de espera, até se iniciar a recepção do líder líbio, Muammar Kadhafi, a que se seguiu um banquete.

José Sócrates e Luís Amado aproveitaram então este período “morto” para ter conversas informais com dirigentes políticos tunisinos, argelinos, franceses e italianos. O encontro especial de alto nível 5+5, que agrega países europeus (Portugal, Espanha, França, Itália e Malta) e do Magrebe (Líbia, Tunísia, Argélia, Marrocos e Mauritânia) começou já perto das 23h00 horas locais, mas terminou pouco depois.

Da reunião, ficou a nota de empenhamento de todos os dez países presentes no sentido de reforçarem o alcance político da organização e a cooperação bilateral entre os diferentes Estados membros. Um novo encontro de alto nível 5+5 terá lugar em Janeiro, em Malta. Mas do final desta reunião ficou também o convite feito por Muammar Kadhafi a José Sócrates para se deslocar para a cerimónia das comemorações da revolução líbia no seu carro – uma distinção que foi também estendida ao primeiro-ministro sérvio, que também se deslocou a Trípoli.

As comemorações, que decorreram pela madrugada dentro num grande hipódromo da capital líbia, abriram com uma longa série de discursos. Todos de elogio exaltante do regime. Seguiram-se desfiles de mulheres soldados, de motos a alta velocidade, de brigadas de cavalaria, de grupos de música beduína e fogo-de-artifício, que motivou os primeiros aplausos espontâneos das dezenas de milhares de populares que assistiam às comemorações.

José Sócrates e a comitiva do Governo português abandonarem o hipódromo já passava das duas da madrugada, num momento em que desfilavam centenas de crianças a gritar vivas “à mãe pátria Líbia”. Nesta quarta visita de José Sócrates à Líbia, os contactos de ordem económica voltaram a constituir a prioridade entre os membros da delegação portuguesa. Em 2008, a Líbia foi o país onde a Galp mais petróleo comprou, embora no ano passado se tenha registado uma queda a este nível.

As exportações portuguesas têm sistematicamente duplicado desde 2007, tendo atingido os 35 mil milhões de euros em 2009. Neste momento, construtoras portuguesas têm obras na construção de uma universidade e de um novo hospital em Trípoli e o Banco Espírito Santo é uma das entidades financeiras estrangeiras com maior peso no mercado líbio.

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