Presidente do parlamento alemão exige regulação dos mercados

O presidente do parlamento alemão exigiu hoje que o país com a maior economia da União Europeia aprove medidas para regular os mercados financeiros, para garantir uma maioria parlamentar a favor do pacote europeu de ajudas a Estados altamente deficitários.

Norber Lammert, segunda figura da hierarquia do Estado, contrariou assim abertamente o argumento de que só faz sentido uma acção coordenada a nível do G20 para regular os mercados, repetidamente defendida pela chanceler Angela Merkel.

Em discurso proferido no domingo no Congresso da Confederação dos Sindicatos Alemães (DGB), em Berlim, a chanceler voltou a recusar a introdução de um imposto sobre transacções financeiras para combater a especulação nos mercados.

“Se os sindicatos conseguirem que os chefes dos países do G20 exijam em conjunto um imposto sobre transacções financeiras, eu não me oporei”, disse Merkel, em resposta às reivindicações feitas na reunião sindical.

Na semana passada, a chefe do Governo alemão tinha-se pronunciado no parlamento contra o referido imposto, dizendo preferir uma taxa sobre as actividades financeiras ou taxa bancária, como sugeriu o Fundo Monetário Internacional, mas só se esta medida for tomada a nível internacional e não isoladamente.

Intenções “não bastam”

Em entrevista ao jornal Frankfurter Allgemeine, Lammert, que tal como Merkel é membro da União Democrata Cristã (CDU), exigiu que a coligação governamental apresente, em simultâneo com o projecto lei sobre o pacote europeu, na quarta-feira, no parlamento, um projecto sobre a regulação dos mercados financeiros.

“É lamentável que a regulação já prometida quando foram introduzidas outras medidas de salvamento ainda não tenha sido posta em prática”, disse Lammert.

O Parlamento debate na quarta-feira, em primeira leitura, o diploma já aprovado pelo Governo sobre a contribuição alemã de 123 mil milhões de euros para o pacote europeu, destinado a impedir a bancarrota de Estados da zona euro e a estabilizar a moeda única.

Lammter disse que “não ficaria surpreendido” se muitos deputados da coligação democrata cristã e liberal negassem apoio à proposta, se não forem tomadas, paralelamente, medidas para regular os mercados.

O presidente do hemiciclo acrescentou que “não basta aprovar uma declaração de intenções” a anunciar o combate à especulação financeira, “porque declarações desse género já houve muitas”.

Avançar isoladamente é uma hipótese

Lammert não exclui também a hipótese de a Alemanha avançar isoladamente com medidas para disciplinar os mercados “Se o governo estiver à espera de um amplo acordo internacional, arrisca-se a que este não seja possível”, advertiu o presidente do Bundestag.

Entretanto, os democratas cristãos da Baviera (CSU), que também integram o executivo em Berlim, exigiram, tal como a oposição parlamentar, a introdução de um imposto sobre transacções financeiras, além de uma taxa bancária.

“Temos de responsabilizar os credores, através de uma taxa bancária e de um imposto sobre transacções financeiras”, disse o presidente da CSU e governador da Baviera, Horst Seehofer, ao jornal Welt am Sonntag.

Os Liberais do FDP, novo aliado de Merkel no Governo, opõem-se ao imposto sobre transacções financeiras, e já impediram, por este motivo um acordo parlamentar com os sociais-democratas (SPD), maior partido da oposição, há duas semanas, quando foram votados os créditos de emergência à Grécia.

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