Belmiro de Azevedo: "Cavaco é um ditador"

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Belmiro de Azevedo não poupa Governo e oposição nas suas críticas Rui Gaudêncio

Belmiro de Azevedo afirma, em entrevista que a revista "Visão" vai publicar amanhã, que o Presidente da República "é um ditador" e que o primeiro-ministro José Sócrates "liga e manda ligar muitas vezes".

"Cavaco é um ditador. Mandou quatro amigos meus, dos melhores ministros, para a rua, assim de mão directa", afirma Belmiro de Azevedo, patrão da Sonae, proprietária do PÚBLICO, sobre a primeira figura do Estado.

Sobre o Governo, o empresário diz desconhecer "metade dos que estão lá" e que as promessas do Executivo de Sócrates são "feitas sem o Teixeira dos Santos assinar por baixo". E felicita o facto do Governo de Sócrates ser minoritário: Neste momento, e quase direi por felicidade, não há um Governo de maioria".

Isto porque, para Belmiro de Azevedo, um Bloco Central criaria "a ditadura a dois, o compadrio". E, com um Governo minoritário, "o Executivo deve concertar e o Orçamento do Estado criou essas condições. Sócrates teve de perder um bocado da arrogância e ceder".

Belmiro de Azevedo não poupa também a líder da oposição, Manuela Ferreira Leite: "Teve muitos anos de trabalho, mas no Estado. Nunca dormiu mal por ter a responsabilidade de saber como pagar salários". Sobre a subida do eleitorado do Bloco de Esquerda, defendeu que o partido tem "uma comunicação retrógrada e um líder com um discurso inteligente – ele diz que é inteligente, até escreve livros – usa a comunicação mais primaria e mente com todos os dentes".

"O Alegre devia ter juízo"

E comenta ainda o recente anúncio de Manuel Alegre sobre a intenção de se candidatar a Presidente da República: "O Alegre devia ter juízo (...) No final do mandato já terá 80 anos, não é muito sensato". Belmiro explica também que a única vez que declarou por antecipação em quem votava foi com Mário Soares e assegurou que pediu a Cavaco para lhe enviar previamente as suas ideias, mas que o social-democrata não o fez.

No que diz respeito aos grandes investimentos considera que foram o calcanhar de Aquiles de José Sócrates. "Já disse ao Governo que a saída está nos pequenos e médios projectos, de 50 a 200 milhões de euros. Acabe-se com o devaneio das grandes obras. Não são uma prioridade. Criou-se a ideia de que o Estado tem sempre dinheiro. Os estados também abrem falência." E acrescenta: "O devaneio de Sócrates teve muito a ver com o encantamento que sente pelas grandes obras, para ter um mausoléu num sítio qualquer".

O empresário acredita que "um país sobrevive se investir para ganhar competitividade, melhorando a produtividade. Não sendo competitivos, somos dependentes. Ficamos uma aldeia", pelo que sugere que "a maneira mais rápida de relançar o investimento e ganhar competitividade é baixar o IRC e o IVA. A outra é reduzir a despesa no óbvio mas o Estado gasta muito. Falta criatividade".

Notícia actualizada hoje, dia 28 de Janeiro, às 10h52
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