PS rejeita nova esplanada em Parada Leitão

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A esplanada é um projecto comum dos cafés da praça Nelson Garrido

Os vereadores do PS na Câmara do Porto pediram ontem a retirada da nova esplanada que está a ser construída na Praça de Parada Leitão. "O resultado final é verdadeiramente catastrófico e a solução só pode ser uma: voltar ao princípio", vincou o vereador socialista Correia Fernandes, em declarações aos jornalistas após a reunião privada do executivo municipal.

"A ideia pode ter sido boa, mas os efeitos são perversos", acrescentou Correia Fernandes, que insistiu em "evitar que o erro se consagre." Na opinião do autarca, a Praça de Parada Leitão é "um espaço quase sagrado da cidade", uma "acrópole" que não pode sofrer "aquele entrave, aquela intrusão".

Rui Sá, vereador da CDU, concorda com Correia Fernandes. "A esplanada foi aprovada, mas quando começou a aparecer começou a ver-se a dimensão do problema. Parece-me que o Igespar [Instituto de Gestão do Património Arquitectónico] devia actuar e ver o que se pode ainda remediar", defendeu Rui Sá. Segundo o gabinete de comunicação da Câmara do Porto, a autarquia levou em linha de conta os argumentos de Correia Fernandes e irá analisar o projecto.

A futura esplanada será paga pelos proprietários dos cafés Universidade, O Mais Velho, Âncora D"Ouro ("Piolho"), Gelataria Cremosi e Restaurante Irene Jardim. O projecto foi aprovado no anterior mandato e o vereador do Urbanismo de então, Lino Ferreira, patrocinou uma reunião com os empresários no sentido de se encontrar um projecto comum.

Macro-estrutura criticada

Na reunião de ontem votou-se também a estrutura nuclear da organização dos serviços do município. Correira Fernandes justificou a abstenção dos vereadores do PS com o facto de não existir, na macro-estrutura camarária, um organismo dedicado a combater a crise e o desemprego, dinamizando o tecido social e económico da cidade. "Pode ser uma direcção ou um gabinete. Devia existir uma estrutura que fosse ao terreno, e não esperasse que as pessoas viessem cá", exemplificou. Por outro lado, o autarca tem também algumas dúvidas sobre a forma como foram reagrupadas as várias áreas da fiscalização municipal. "Pode conter perigos e vantagens. Depende da forma como forem instaladas todas as vertentes da fiscalização", comentou.

Já Rui Sá considera o documento "uma vergonha" e votaria contra, não fosse o facto de ter sido obrigado a ausentar-se da reunião antes do do período de votação. O vereador cita sectores em que existem "sobreposições" entre departamentos e direcções e exemplifica com o caso dos cemitérios e da via pública. Entre outros aspectos, Rui Sá defende que a Educação devia passar a departamento, tendo em conta a quantidade de competências que o Estado tem vindo a transferir para as autarquias.

Rui Sá manifestou ainda preocupação pela situação financeira da empresa municipal Porto Lazer, que recentemente admitiu ao PÚBLICO ter dificuldades de tesouraria. Na resposta, o presidente da câmara, Rui Rio, recordou que as contas da empresa serão em breve analisadas pelo executivo e, então, será possível perceber com mais rigor a situação presente. O vereador da CDU questionou ainda Rui Rio sobre a notícia da criação de uma comissão técnica para analisar novas pontes entre Porto e Gaia. De acordo com Sá, Rio terá dito que "não há comissão técnica", mas reconheceu haver contactos entre as duas câmaras.

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