“O casamento não foi criado num conselho de ministros”, diz Ribeiro e Castro

O deputado do CDS-PP Ribeiro e Castro lembrou hoje que “o casamento não foi criado num conselho de ministros” para defender a necessidade de uma consulta popular sobre a união entre pessoas do mesmo sexo.

“O casamento não foi criado num conselho de ministros, nem foram os deputados que se reuniram para instituir o casamento. O casamento não é uma direcção geral ou um instituto público. Resulta da história, da vida da humanidade e pertence a homens e mulheres”, afirmou o deputado democrata-cristão.

Ribeiro e Castro falava aos jornalistas ao final da tarde durante um encontro de apoiantes da Plataforma Cidadania e Casamento, que terça-feira entregou no Parlamento uma petição com mais de 92 mil assinaturas tendo em vista a realização de um referendo sobre esta matéria.

“A questão que se vai pôr é se a Assembleia da República quer ouvir o povo ou calar o povo. Se isto for negado não nos podemos queixar depois que os cidadãos rompem cada vez mais com a classe política, porque se sentem defraudados”, acrescentou, sublinhando que 92 mil assinaturas é “um sinal poderosíssimo” que os deputados não podem ignorar.

Presente no encontro, o deputado do PSD Bacelar Gouveia congratulou-se com o facto de o Parlamento ter decidido discutir a iniciativa já na sexta-feira, juntamente com os diplomas do Governo, PSD, Bloco de Esquerda e Partido Ecologista Os Verdes, defendendo que os portugueses têm o direito de se pronunciar.

“Há um grande desejo por parte do povo português de ter esta oportunidade de participar. Um referendo é sempre mais democracia e mais participação. Se este referendo for convocado, como espero, será o quarto referendo em 30 anos. Não acho que seja demais”, afirmou o social-democrata.

Já o advogado Ricardo Sá Fernandes disse que esta matéria diz respeito à forma como a sociedade deve ver o casamento e revelou não ter uma opinião definitiva sobre o assunto.

“Há duas posições compreensíveis: os que defendem que os homossexuais têm direito ao mesmo símbolo e os que defendem que, salvaguardados os direitos civis dos homossexuais, o símbolo do casamento deve ficar reservado para aqueles que são de sexos diferentes porque essa é a tradição milenar do casamento”, explicou.

Isilda Pegado, porta-voz da Plataforma Cidadania e Casamento, apelou aos deputados para “que em liberdade e consciência olhem para aqueles que os elegeram”, manifestando-se confiante de que o referendo será aprovado, apesar de os partidos de esquerda já terem anunciado que vão, em conjunto, chumbá-lo.

“Não quero crer que a Assembleia da República se prepare para silenciar o povo em três dias. Seria inconcebível que admitissem rapidamente esta iniciativa para que na sexta-feira o povo estivesse calado. Seria no mínimo anti-democrático”, afirmou.

O encontro contou ainda com outras personalidades, como o cirurgião Gentil Martins e a deputada socialista Rosário Carneiro.

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