Abbas rejeita proposta de diálogo com Israel feita por Clinton

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Hillary Clinton com Mahmoud Abbas, hoje,no Abu Dhabi Reuters

Um acordo no Médio Oriente continua a ser a “grande prioridade” da Administração norte-americana. Mas o presidente palestiniano Mahmoud Abbas desferiu hoje um golpe aos planos da chefe da diplomacia de Washington, Hillary Clinton, rejeitando em absoluto a retoma das negociações com Israel sem um congelamento total dos colonatos.

Depois de um encontro com Clinton para discutir os esforços americanos com vista ao relançamento do processo de paz, bloqueado desde há quase um ano, Abbas excluiu um regresso incondicional à mesa das negociações. “Clinton pediu a retoma das conversações entre as duas partes com base num acordo conseguido entre [o emissário de Washington à região] George Mitchell e Israel, um acordo que não prevê o fim total dos colonatos israelitas”, na Cisjordânia, afirmou o principal negociador palestiniano, Saeb Erakat, citado pela AFP. “O presidente Abbas informou Clinton da sua recusa absoluta de uma retoma das negociações com Israel” nessas condições, sublinhou a partir de Abu Dhabi, onde decorreu a reunião.

À saída do seu encontro com a secretária de Estado, Abbas declarou aos jornalistas que Clinton não apresentou “nada de novo”. “Israel está inamovível na sua posição”, disse Abbas. E denunciou a “intensificação da política de implantação” em Jerusalém Oriental, anexada em 1967 por Israel. “Esta questão esteve no centro das discussões com a senhora Hillary Clinton”, afirmou. “Jerusalém está em perigo e sem Jerusalém não haverá paz”.

Este será um ponto espinhoso e difícil de remover, uma vez que o Governo israelita, apesar das pressões internacionais, se recusa a congelar o alargamento dos colonatos.

Horas antes, Clinton afirmara numa entrevista à BBC que o acordo de paz continua a ser uma “grande prioridade” para os Estados Unidos, ainda empenhados numa solução de dois Estados. “Esta é uma grande prioridade não apenas para a nossa Administração, mas para a maior parte do mundo. É uma das perguntas que me fazem mais frequentemente”, salientou. “O facto de eu estar na região... reforça a seriedade com que abordamos o nosso desejo de levar as partes a começar sérias negociações que possam levar a dois Estados”. O processo levará Clinton a Marrocos na segunda-feira, ao Fórum para o Futuro, onde poderá discuti-lo com os seus homólogos árabes. Hoje ainda, irá encontrar-se com o seu homólogo israelita, Avigdor Lieberman, o ministro da Defesa, Ehud Barak, e o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.

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