Adeptos do Beira- Mar não apoiam demolição do estádio

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A demolição do estádio, construído para o Euro 2004, foi avançada pelo PSD Sérgio Azenha

A ideia de demolir o Estádio Municipal de Aveiro, devido aos elevados encargos com a manutenção e conservação deste equipamento, já se tornou no primeiro grande debate do novo mandato autárquico, mas a hipótese não parece colher muitos apoiantes.

O assunto que surgiu na praça pública através do presidente da concelhia de Aveiro do PSD, Ulisses Pereira, tem sido discutido não só nas mesas de café, como também nas bancadas do próprio estádio, como aconteceu no último domingo, durante a realização do jogo entre o Beira-Mar e o Torre de Moncorvo a contar para a Taça de Portugal.
“Não faz sentido nenhum pensar numa coisa dessas com o dinheiro que se gastou aqui da Câmara, do Estado e de toda a gente”, dizia João Gonçalves um dos 350 espectadores que assistiam ao desenrolar da partida - pouco mais de um por cento da lotação do estádio. Este sócio do Beira-Mar há 40 anos admite que o estádio “é um elefante branco”, mas diz que isso se deve ao facto de a autarquia ter “parado no tempo”, referindo-se ao facto de os projectos complementares previstos para a área envolvente ao estádio não terem saído ainda do papel.

“Nos últimos quatro anos não se investiu aqui nada do que estava projectado e isso podia ajudar a chamar mais pessoas para que o estádio tivesse rentabilidade. É isso que falta”, diz. Este adepto afirma também não estar convencido com a conversa de que o estádio fica muito caro ao fim do mês e que a câmara não aguenta: “Isso é pura mentira, porque vamos olhar para Leiria, para Coimbra... então essas câmaras não podem?”, questiona.

José Ferreira também discorda da ideia de deitar abaixo o estádio. “Acho que foi uma ideia infeliz, porque está aqui muito dinheiro empatado e acho que é um desperdício”, diz este adepto que sugere que, para rentabilizar melhor este espaço, se siga o exemplo de outros estádios com a realização de espectáculos, por exemplo.

Uma ideia partilhada por António Trindade, de Angeja, que defende que é preciso estudar outras alternativas para rentabilizar este equipamento. “Em Coimbra ainda agora vão fazer um concerto e criam eventos, que se também fossem criados aqui iam ajudar a pagar as despesas. É preciso serem criativos e Aveiro tem pouco disso”, diz este adepto.

“Com tanto dinheiro aqui empregue é um absurdo falar-se assim”, afirma António Trindade, lembrando, por outro lado, as “muitas pessoas que foram expropriadas e venderam os seus terrenos pelo preço da uva mijona para se construir isto”.

Atento à conversa, um outro adepto, sentado numa fila de cadeiras mais abaixo, comentava com o seu vizinho de bancada: “Já viste que se tivéssemos de acabar com todas as coisas que dão prejuízo neste País...”.

O presidente da concelhia de Aveiro do PSD, Ulisses Pereira, que sugeriu na passada semana a demolição do estádio, já veio esclarecer entretanto que não defende a implosão do equipamento, mas diz que essa hipótese deve ser estudada porque “pode ter algum sentido”.

“Devem ser estudadas todas as alternativas possíveis para viabilizar aquele equipamento desportivo, incluindo a eventualidade de o substituir integralmente por um outro equipamento de menor dimensão”, defende Ulisses Pereira, actualmente deputado também na Assembleia da República.

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