Obama diz que G20 não se pode ficar por "meias medidas"

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Obama deu os parabéns a Brown pela “extraordinária liderança” manifestada na realização da cimeira Jason Reed/Reuters

A Cimeira do G20 não pode permitir “meias medidas”, afirmou o Presidente norte-americano esta manhã aos jornalistas. Numa conferência de imprensa com o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, Barack Obama adiantou que o encontro de Londres “se deve concentrar sobre os pontos comuns e não nas divergências episódicas”.

"Eu sei que as nações do G20 estão acertadamente a tentar seguir as suas próprias abordagens... Não vamos concordar em todos os pontos", disse Obama, citado pela Reuters. "Vim cá para apresentar ideias, mas também para ouvir, não para dar sermões. Dito isto, não devemos perder a oportunidade de liderar, enfrontar uma crise que não conhece fronteiras".

Esta é a primeira vez que o novo Presidente americano participa num evento internacional desde que tomou posse, em Janeiro. Os Estados Unidos têm estado sob forte pressão para mostrar que o país onde começou a crise global será também aquele que mostrará o caminho a seguir.

"Estou absolutamente confiante que este encontro vai reflectir o enorme consenso sobre a necessidade de trabalhar em conjunto para lidar com estes problemas", avançou, numa aparente referência a declarações do seu homólogo francês, Nicolas Sarkozy, de que a França e a Alemanha não concordavam com o comunicado final da cimeira que estava a ser desenhado. "Há um grande desejo de injectar algum conflito e drama à ocasião, mas a verdade é que há convergências... e creio que os EUA serão capazes de nos liderar neste período tão difícil".

Mas esta cimeira não se pode ficar “pelo mínimo denominador comum”, salientou ainda o Presidente, citado pelo "Guardian" online que publicou um relato da conferência minuto a minuto.

Os dois líderes adiantaram que “soluções globais” são necessárias para “problemas globais”, e que esta cimeira apresenta “cinco testes” que é preciso aprovar: melhor regulação financeira, medidas de criação de emprego, apoio ao crescimento nos mercados emergentes, resistir ao proteccionismo (com mais dinheiro para apoio ao comércio) e ajuda aos pobres com a manutenção dos Objectivos do Milénio.

Em todo o caso, insistiu Obama, os Estados Unidos “não podem ser o único motor do crescimento” mundial, cita a AFP. “O mundo inteiro deve seguir o ritmo”.

"As pessoas estão a perder as suas casas, a perder as suas empresas... Pessoas em todo o mundo que já estavam desesperadas antes da crise podem ficar ainda mais depois", adiantou o Presidente. "Não se iludam. Estamos a enfrentar a pior crise económica desde a II Guerra Mundial".

Barack Obama e Gordon Brown também concordaram na promoção de tecnologias ecológicas para combater as alterações climáticas que vão, juntamente com a proliferação nuclear, “definir a nossa época”.

E debaterem as questões internacionais fulcrais, como o Irão – Obama diz que está a apostar na diplomacia – e o Afeganistão. Ambos partilham “um compromisso para uma diplomacia sustentável” no Médio Oriente.

Horas antes, e à falta de mais pormenores, alguns canais de televisão começaram a especular sobre o tempo que Barack Obama deixou pousada a sua mão nas costas de Brown quando se conheceram – aparentemente foi um gesto prolongado. Os comentadores apresentaram-no como um sinal de aproximação nas relações entre os EUA e o Reino Unido.

Efectivamente, houve depois alguns indícios de amizade. Obama disse ter conversado com o filho de Brown sobre dinossauros; agradeceu a Sarah, mulher do primeiro-ministro, ter levado Michelle para uma visita a vários projectos... Mas mais importante, deu os parabéns a Brown pela “extraordinária liderança” manifestada na realização da cimeira, que pensa que será “histórica”.

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