Bombaim: autoridades admitem que situação ainda não está controlada

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Estrangeiros terão sido sequestrados no hotel Taj Mahal Arko Datta/Reuters (arquivo)

Quase sete horas depois do início do ataque em Bombaim as autoridades locais admitem que a situação ainda não está controlada. Militares entraram, de madrugada, nos dois hotéis da cidade onde homens armados mantêm em seu poder vários reféns estrangeiros. O último balanço dá conta de 80 mortos e mais de 250 feridos nos tiroteios e explosões registados em perto de uma dezena de alvos naquele que é o principal pólo económico da Índia.

"A situação ainda não está sob controlo. Estamos ainda a tentar capturar outros terroristas que possam estar dentro dos dois hotéis", afirmou ministro-chefe do estado de Maharashtra, de que Bombaim é capital.

Pouco antes, um responsável pelas operações adiantou que polícia já capturou nove suspeitos de participação nos ataques e abateu outros quatro durante os confrontos. A edição online do jornal “Times of India” revelou, por seu lado, que as forças de segurança sofreram várias baixas, incluindo o comandante do esquadrão antiterrorista, Hemant Karkare, e outros dois oficiais da polícia.

Cerca das 04h30 da manhã (23h00 em Lisboa), foram ouvidas várias explosões no Hotel Oberoi, pouco depois de algumas dezenas de militares terem entrado no local, onde, segundo a imprensa indiana, se encontram ainda dois atacantes. Há também informações de que vários hóspedes se entrincheiraram nos seus quartos, temendo ser apanhados no fogo cruzado.

A situação permanece também tensa no Hotel Taj Mahal, um dos mais luxuosos e emblemáticos edifícios da cidade, atacado na mesma altura por homens armados. Esta madrugada foram ouvidos disparos e detonações no local, já depois de ter sido extinto um incêndio que deflagrou no último andar.

As autoridades suspeitam que os atacantes tenham sequestrado vários turistas. Segundo o “Times of India”, 40 estrangeiros, incluindo britânicos, estariam em poder do grupo armado que, com esta acção, pretenderia em conseguir o máximo de atenção internacional.

Também aqui há vários hóspedes que permanecem fechados nos seus quartos, embora nas últimas horas as autoridades tenham conseguido evacuar várias pessoas, com recurso a escadas montadas nos carros de bombeiros. O “Times” londrino adiantava ao final da noite que se desconhecia o paradeiro de dois eurodeputados, um britânico e um polaco, que faziam parte de uma delegação do Parlamento de Estrasburgo que se encontrava alojada na unidade, e que foi surpreendida pelos disparos.

O Governo indiano decidiu, entretanto, pôr em alerta as forças do Exército e a Marinha estacionadas na cidade e ordenou o envio de 200 comandos para reforçar a guarnição local.

Sequência de ataques

Os ataques, levados a cabo por diferentes equipas, aparentemente bem armadas, ocorreram quase em simultâneo, mas várias horas depois do primeiro ataque ainda eram ouvidos disparos e explosões na cidade, apesar do forte dispositivo policial enviado para as ruas.

De acordo com o "Times of India", o primeiro tiroteio começou cerca das 22h33 (17h03 em Lisboa) no antigo Terminal Victoria, a principal central ferroviária da cidade, hoje conhecida por Terminal Chhatrapathi Shivaji. Testemunhas contam que dois homens armados com metralhadoras AK-47 e granadas mataram pelo menos dez pessoas e feriram dezenas de outras antes de serem abatidos pelos agentes que acorreram ao local. Contudo, o balanço final desta acção poderá ser muito superior, admitem as autoridades.

Mais ou menos à mesma hora, outros grupos entravam nos dois hotéis, entre os mais luxuosos da cidade, situados no bairro de Colaba, não muito longe da estação. Também aqui, os atacantes terão usado granadas, dando origem a focos de incêndio e depois irromperam pelo hotel procurando "cidadãos americanos e britânicos".

Há ainda informações de disparos contra o vizinho Cafe Leopold, um restaurante muito popular entre turistas e dois hospital próximos da estação. Todos estes alvos estão situados na parte sul de Bombaim, cidade que nos últimos anos se tornou no principal pólo financeiro e tecnológico da Índia, havendo também notícias de disparos contra o aeroporto de Santa Cruz, usado para voos domésticos.

As televisões mostraram também imagens do que aparenta serem os restos de um táxi, destruído por uma explosão que, segundo a agência PTI teria provocado a morte dos três ocupantes.

Nos últimos anos, a Índia foi palco de vários atentados à bomba, a maioria dos quais reivindicados ou atribuídos a extremistas islâmicos, entre eles grupos armados que lutam pela independência da província indiana de Caxemira. A polícia deteve também vários extremistas hindus, acusados de ataques contra a minoria islâmica do país.

Horas depois do ataque, um grupo auto-intitulado "Deccan Mujahedin", até agora desconhecido das autoridades, enviou um email às redacções, reivindicando a autoria do ataque. Contudo, vários meios de comunicação social acreditam que a acção foi conduzida pelo Lashkar-e-Taiba, grupo extremista sediado no Paquistão e que nos últimos anos foi responsável por vários atentados na Índia. A sua principal motivação é o fim da presença indiana em Caxemira, região dos Himalaias disputada pelos dois países vizinhos.

(Notícia actualizada às 00h07)
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