CML recusou aumento das portagens para financiar transportes públicos, mas Costa continuará a pedi-lo

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Carlos Lopes (arquivo)

A Câmara de Lisboa recusou-se hoje a pedir ao Governo que aumente as portagens de entrada na cidade de forma a que as verbas daí resultantes possam financiar a melhoria dos transportes públicos na área metropolitana, mas o presidente da autarquia, António Costa, diz que continuará a defender a medida, como contrapartida do aumento do tráfego devido à construção da terceira travessia do Tejo, entre Chelas e o Barreiro.

Numa votação “taco a taco”, os vereadores rejeitaram a criação da taxa sobre as portagens pretendida por António Costa – que, no entanto, não abdica de continuar a defender a sua posição: “Continuarei a reivindicar a taxa. Eu sou presidente da câmara.” Uma posição que não caiu bem junto das forças políticas que mais se bateram contra isso, os comunistas e o movimento de Helena Roseta Cidadãos por Lisboa, que entendem que os automobilistas não devem ser penalizados por uma decisão governamental, a construção da nova ponte.

“Se o sentido democrático de António Costa fosse maior, não continuaria a defender tal posição”, observa Rita Magrinho, do PCP. “Como presidente da câmara não tem legitimidade para defender algo que a câmara recusou”, diz por seu turno Helena Roseta. “Do ponto de vista ético pode ser complicado. Mas também não o podemos obrigar a prescindir da sua opinião”, reconhece. Ambas as autarcas sustentam que a partir de agora, quando se referir ao assunto, Costa vai ter de distinguir entre a sua posição pessoal e aquela que foi ontem aprovada pelo executivo autárquico. Recordam, no entanto, que não foi assim que procedeu noutras ocasiões, quando a câmara deliberou contra a sua vontade.

Divergências à parte, socialistas e comunistas conseguiram aprovar uma proposta em que o município rejeita a entrada da nova travessia em Lisboa através de um viaduto e preconiza a solução dos túneis - desde que eles não acarretem impactos ambientais negativos nem bloqueiem a passagem dos barcos que seguem Tejo acima. O documento aprovado prevê que os concessionários da nova ponte paguem várias obras rodoviárias em Lisboa consideradas essenciais para que a cidade não mergulhe num engarrafamento quase permanente.

Todos os autarcas rejeitaram a ideia do vereador independente Sá Fernandes - baseada numa proposta do Laboratório Nacional de Engenharia Civil -, de abrir a parte rodoviária da ponte um ano depois de a ferroviária estar a funcionar, de forma a habituar os utentes a usarem os transportes públicos.

Uma ideia que o social-democrata Fernando Negrão também já classificou como interessante. Mas o autarca, cujo voto podia ter sido decisivo em matéria de terceira travessia, uma vez que houve um empate numa das votações que teve de ser resolvido pelo voto de qualidade de António Costa, esteve hoje uma vez mais ausente do debate camarário.

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