Presidente dos EUA foi avisado pelos serviços secretos de riscos da invasão do Iraque

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Os serviços secretos dos Estados Unidos avisaram o Presidente George W. Bush, antes da guerra do Iraque, de que a Al-Qaeda e o Irão poderiam aproveitar uma invasão americana do país para expandira a sua influência, de acordo com um novo relatório do Senado divulgado hoje.

De acordo com o relatório do Comité dos Serviços Secretos do Senado dos Estados Unidos sobre o assunto, nessa altura a comunidade dos profissionais destes serviços pensava que estabelecer um governo democrático e estável no Iraque depois da guerra podia ser “um desafio demorado, difícil e provavelmente turbulento”.

No entanto, pensava-se que a falta de politicização do xiismo iraquiano era um factor que “favorecia o desenvolvimento da democracia”.

Previa-se também que a provavelmente a Al-Qaeda aumentaria as suas operações e ataques durante a após a guerra, apesar de a ameaça “provavelmente declinar lentamente durante os três a cinco anos subsequentes”.

Além disso, os americanos no estrangeiro tornar-se-iam alvos “mais convidativos” para outros grupos anti-americanos.

Os países vizinhos do Iraque tentariam expandir a sua influência ao país, inclusive através de ajuda humanitária, mas também fomentando as disputas entre grupos étnicos e sectários.

Os líderes do Irão iriam dar passos no sentido de preservar a sua segurança e mostrar que o país é um “importante actor regional”.

Sempre de acordo com o mesmo documento, a acção militar para eliminar armas de destruição maciça no Iraque levar outros países da região a desistir de programas ou desejos semelhantes.

Considerava-se que os esforços de reconstrução do Iraque seriam facilitados pelas suas grandes reservas petrolíferas e seriam mais fáceis do que a transformação política.

Além disso, era estimado que se as instalações petrolíferas iraquianas não fossem muito danificadas pela guerra a produção de petróleo podia subir para 3,1 milhões de petróleo por dia, quando alguns meses antes do início da guerra (em Março de 2003) era de 2,4 milhões de barris diários.

Os democratas do Congresso viram neste relatório a prova clara de que o Presidente Bush (do Partido Republicano) e os seus conselheiros ignoraram as advertências sobre o caos que se seguiriam a uma invasão americana do Iraque.

“O relatório de hoje mostra que a comunidade dos serviços secretos deu à administração avisos suficientes acerca das dificuldades que enfrentaria se decidisse avançar para a guerra”, disse o senador John Rockefeller, um democrata da Virgínia Ocidental e presidente do Comité dos Serviços Secretos do Senado.

Um membro republicano do painel, o senador Christopher Bond, do Missouri, disse que o relatório do Senado olhou para trás de um modo muito selectivo e contestou as suas conclusões.

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