Portugal derrotado (1-2) pela Grécia

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A selecção portuguesa viveu hoje um autêntico pesadelo na ansiada estreia no Euro 2004 Estela Silva/Lusa

Portugal perdeu o primeiro jogo do Euro 2004, frente à Grécia, por 1-2. Os golos dos gregos foram marcados por Karagounis, aos sete minutos, e por Basinas, aos 51 minutos, através de uma grande penalidade a punir falta de Cristiano Ronaldo. Aos 93 minutos, o jogador do Manchester United reduziu o marcador através de um cabeceamento na sequência de um canto.

O seleccionador Luiz Felipe Scolari fez três alterações na segunda parte, com as saídas de Rui Costa, Simão Sabrosa e Costinha para as entradas de Deco, Cristiano Ronaldo e Nuno Gomes.

O árbitro italiano Pierluigi Colina mostrou quatro cartões amarelos, dois para cada lado: Costinha (21') e Pauleta (57), Karagounis (39') e Seitaridis (76').

Aproveitando a entrada a medo da equipa portuguesa, os gregos marcaram cedo (7'), por Georgios Karagounis, e depois controlaram sempre as operações, decidindo o encontro aos 51', quando Angelis Basinas marcou de grande penalidade.

Com dois golos de desvantagem, Scolari demorou 15 minutos a colocar um segundo ponta-de-lança e foi dessa forma que Portugal empurrou ainda mais os gregos para trás, criou duas boas oportunidades e marcou, por Cristiano Ronaldo, embora tarde (93).

Sabia-se que não iria haver facilidades, mas bastaram 90 minutos para a dura realidade surgir e o país ser presenteado com um enorme desilusão: quase dois anos depois do último jogo oficial, que então significou o adeus ao Mundial 2002, Portugal voltou a jogar a sério e a perder e vai ter de começar a fazer contas.

Como técnicos e jogadores tinham frisado, o primeiro encontro era fundamental e Portugal perdeu-o claramente, ficando já sem margem para errar, tanto frente à Rússia (quarta-feira, na Luz) com perante a Espanha (20 de Junho, em Alvalade).

Grécia surpreende ao entrar em "4-3-3"

A selecção portuguesa entrou no habitual "4-2-3-1", com Paulo Ferreira, Fernando Couto, Jorge Andrade e Rui Jorge, à frente de Ricardo, dois "trincos" (Costinha e Maniche), dois extremos (Figo e Simão) e um médio solto (Rui Costa) nas costas de Pauleta.

A Grécia surpreendeu com um "4-3-3", com Nikopolidis na baliza, uma defesa com Seitaridis, Kapsis, Dellas e Fyssas, um meio-campo com Basinas, Zagorakis e Karagounis e um ataque com Charisteas e Giannakopoulos, nos extremos, e Vryzas, ao meio.

O jogo começou e instantaneamente deu para constatar o nervosismo e o pavor dos jogadores portugueses em ter a bola, para satisfação dos gregos, que assumiram o comando e ameaçaram logo aos 48 segundos, valendo o facto de Charisteas ter falhado o remate.

Este estado de coisas prosseguiu e, aos sete minutos, com grande naturalidade, a Grécia marcou: Paulo Ferreira fez um mau passe, Karagounis interceptou, avançou tranquilamente e disparou forte e rasteiro, colocando a bola no ângulo inferior direito.

Apesar da liderança de Figo, o único jogador que se assumia e tentava levar a equipa para a frente, Portugal ficou ainda mais perdido e os gregos continuaram a mandar e a criar ocasiões, nomeadamente por Charisteas (9') e Fyssas (13').

Depois do quarto de hora, Portugal assumiu a posse de bola e efectuou os primeiros remates, mas sem perigo, enquanto a Grécia recuou, para fazer o que melhor sabe (defender), mas sem perder de vista a baliza contrária, como mostrou Charisteas (22').

E foi este o cenário até ao final da primeira parte, os gregos a defender muito e bem e a formação lusa sem soluções ofensivas para mais do que uma oportunidade de golo, desperdiçada pela cabeça de Rui Costa, na sequência de um cruzamento preciso de Paulo Ferreira.

Para a segunda metade Scolari resolver mexer apenas nas "pedras" - trocas directas de Rui Costa por Deco e Simão por Cristiano Ronaldo -, enquanto Rehhagel defendeu-se do amarelo de Karagounis (substituído por Katsouranis).

Nada de importante aconteceu nos primeiros instantes, até que, aos 51', Seitaris interceptou uma bola a meio-campo, tabelou com Charisteas e foi carregado, na área, por Ronaldo, tendo Basinas convertido tranquilamente a respectiva grande penalidade.

Com nova "facada", Portugal ficou ainda mais incapaz de mudar algo, enquanto, do banco, Scolari demorou 15 minutos a colocar um segundo ponta-de-lança (Nuno Gomes) e prescindir de um médio defensivo (Costinha).

Faltavam ainda 24 minutos, mais descontos, e Portugal passou a pressionar mais, mas verdadeiro perigo só aos 83', num remate de Cristiano Ronaldo, desviado por um defesa, e, aos 86', numa tentativa de Nuno Gomes, à qual Nikopolidis respondeu com boa defesa.

Quando já passavam três minutos da hora, Cristiano Ronaldo marcou, com um golpe de cabeça após um canto apontado na esquerda por Figo, mas já não houve tempo para mais e, no final, foi a claque grega que fez a festa, num Estádio do Dragão em estado de "choque".

Luiz Felipe Scolari: "A palavra de optimismo que podemos ter agora é que precisamos de vencer os dois jogos"


No final do jogo, o seleccionador Luiz Felipe Scolari, visivelmente desiludido, elogiou a defesa grega e apontou como causa da derrota da selecção portuguesa dois erros defensivos, que originaram os dois golos.


O contra-ataque dos gregos e o nervosismo do início do jogo foram outros factores que "não ajudaram" a selecção portuguesa, para Scolari. "Na segunda parte a equipa pressionou mais, mas não fizémos um bom jogo", reconheceu o seleccionador.

"A palavra de optimismo que podemos ter agora é que precisamos de vencer os dois jogos", explicou Scolari. O seleccionador agradeceu ainda aos adeptos portugueses, que "foram excelentes", e pediu novo apoio para o jogo de quarta-feira com a Rússia: "Precisamos de apoio para jogarmos na quarta-feira o tudo ou nada".

Otto Rehhagel: "Esta foi a maior vitória de sempre da história da Grécia"

"Acho que todos os gregos devem estar contentes. Amanhã deviam colocar bandeiras na janela. Esta noite vamos festejar um pouco, mas amanhã o trabalho recomeça e temos de nos concentrar no próximo objectivo, o jogo com a Espanha".

"A estratégia que adoptámos foi extremamente bem sucedida. Qual foi? Já a esqueci, pois já estou a pensar no próximo jogo. A qualificação sensacional para o Euro 2004 criou uma forte relação com o público. Pessoas saúdam-me na rua. Provavelmente agora até posso conduzir nas vias dos autocarros.Parabéns à equipa e jogadores. Foi um grande sucesso. Temos bons jogadores e agora temos também uma excelente equipa".

Ficha de jogo:

Jogo no Estádio do Dragão, no PortoAssistência: 52 mil espectadores
Árbitro: Pierluigi Colina (Itália)

Portugal:

Ricardo; Paulo Ferreira, Fernando Couto, Jorge Andrade, Rui Jorge; Costinha (Nuno Gomes, 66'), Maniche, Luís Figo, Rui Costa (Deco, 46'), Simão (Cristiano Ronaldo, 46'); Pauleta.

Grécia:

Nikopolidis; Seitaridis, Dellas, Kapsis, Fyssas; Zagorakis, Basinas, Karagounis (Katsouranis, 46'), Giannakopoulos (Nikolaidis, 68'), Vryzas; Charisteas (Lakis, 75').

Disciplina:

Amarelos: Costinha (21'), Pauleta (57'); Karagounis (39'), Seitaridis (76')


Golos:

Karagounis (7'), Basinas (51'); Cristiano Ronaldo (90+3')


CLASSIFICAÇÃO DO GRUPO A:

1. Grécia - 1J 1V 0E 0D 3P 2-12. Espanha - 0J 0V 0E 0D 0P 0-0
3. Rússia - 0J 0V 0E 0D 0P 0-0
4. Portugal - 1J 0V 0E 1D 0P 1-2

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