Mais de 13% dos pensionistas continuam a trabalhar após a reforma

Maior parte das pessoas continuou a trabalhar por necessidade, revela inquérito do INE. Mulheres penalizadas no valor das reformas e mais expostas ao risco de pobreza.

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Mulheres na idade da reforma estão mais expostas ao risco de pobreza Nelson Garrido
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No ano passado, mais de um milhão de pessoas em Portugal recebiam uma pensão de velhice, mas 13,2% continuaram a trabalhar porque precisavam de complementar a sua reforma ou para se manterem activas e socialmente integradas. Estas são algumas das conclusões do inquérito divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a par das estatísticas do mercado de trabalho.

A maioria dos pensionistas (57,5%) deixou de trabalhar no momento em que recebeu a primeira pensão e 29,3% já não estavam a trabalhar nesse momento. Contudo, 13,2% continuaram a trabalhar e fizeram-no principalmente por necessidades financeiras (46,5%), por vontade de continuarem a ser produtivos (30,8%), para se manterem socialmente integrados (10,9%), porque o(a) companheiro(a) ainda trabalhavam (2,4%) ou por outras razões (10,3%).

Os dados divulgados no Dia Mundial da Segurança Social mostram ainda que 38,5% dos reformados saíram mais cedo do mercado de trabalho e, por isso, recebem uma pensão de velhice com penalização. Este valor compara com apenas 4,7% que referem ter uma bonificação por terem adiado o momento da reforma.

O inquérito permite ainda concluir que 70% dos pensionistas recebem pensões até 1000 euros. Esta situação, sublinha o INE, “é particularmente notória no caso das mulheres”, em que 9% recebem mensalmente até 300 euros e 56,3% entre 600 e 1000 euros, o que contribui para um risco de pobreza mais elevado nas mulheres (17,7% em 2022, mais 1,5 pontos percentuais do que para os homens).

Os resultados evidenciam ainda a predominância dos pensionistas que completaram o ensino superior entre os que recebem uma pensão mensal superior a 1400 euros: 55,8% para pensões entre 1400 e 2000 euros e mais de 70% para pensões superiores a 2000 euros.

O INE vem confirmar que os sistemas privados de pensões têm uma expressão reduzida no panorama português. Em 2023, a quase totalidade dos pensionistas de velhice recebiam uma pensão estatutária, ou seja, paga por um regime público de protecção social nacional ou estrangeiro (no caso nacional e dependendo da actividade profissional do pensionista, engloba a Segurança Social e a Caixa Geral de Aposentações).

Assim, 90,5% dos pensionistas de velhice recebiam apenas uma pensão de um regime público, 5,3% acumulavam-na com uma pensão paga por um sistema privado relacionado com a actividade profissional, 1,6% com um plano de reforma voluntário individual e 0,6% acumulavam com sistema privado profissional ou voluntário.

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