Marcelo diz que “está em forma” e não “caquético”

O Presidente da República respondeu às críticas de que tem sido alvo depois das revelações que fez num jantar com jornalistas estrangeiros sobre a cunha do filho, a PGR e Costa e Montenegro

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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa MANUEL DE ALMEIDA
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, comentou sentir-se “em forma” e não “caquético”​, esta quinta-feira em Cabo Verde, como forma de resposta às críticas de que tem sido alvo nos últimos dias.

A declaração foi feita em tom de brincadeira após hora e meia em pé numa aula magna proferida na Universidade de Cabo Verde, perante centenas de pessoas, sobretudo estudantes.

No final, pediu aos jovens que não se deixem acomodar, sentindo-se como alguém que entrou na sala “com 76 anos” e sai “com menos 25”.

“Cada vez que tenho oportunidade de dar uma aula, ganho em idade e forma física. Não sei se é uma boa ideia para quem acha que eu devia estar mais caquético ou velho”, acrescentou.

“Em qualquer caso, tem hoje uma resposta que necessariamente não lhe agrada: junto de jovens sinto-me ainda mais jovem”, concluiu, após uma semana em que tem sido alvo de críticas e comentários, após diversas declarações feitas num jantar com jornalistas estrangeiros, em Lisboa, sobre a cunha do filho, a PGR e Costa e Montenegro. José Miguel Júdice e Luís Marques Mendes, por exemplo, fizeram-lhe críticas contundentes.

“Marcelo Rebelo de Sousa já ganhou o campeonato do pior Presidente da República”, disse José Miguel Júdice, considerando que as declarações de Marcelo pareceram uma "infantilidade de velho". "Isto resulta de Marcelo estar desnorteado, doente, isolado e infeliz, e de ter perdido os filtros que uma mente saudável permite ter sempre alertas", disse esta terça-feira, na SICN.

Esta quinta-feira, Marcelo recusou-se a comentar temas da actualidade política portuguesa, por estar no estrangeiro, onde tem insistido na fraternidade das relações com as ex-colónias.

Na aula magna, o chefe de Estado anteviu a celebração de 50 anos de independências de países lusófonos, em 2025, como uma oportunidade para manter viva a celebração conjunta do 25 de Abril, deste ano.

“Para o ano há uma grande ocasião: vão ser celebradas as independências”, pelo que as celebrações são uma “boa ideia”, disse, prometendo promover a ideia junto de outros chefes de Estado.

Marcelo respondia a um dos participantes, guineense, cujo pai foi preso pela PIDE, polícia política da ditadura colonial, que questionou se o 25 de Abril não podia passar a ser uma celebração conjunta com as ex-colónias, em vez de estes países serem convidados para um evento, na data, em Portugal.

O Presidente português disse que a celebração dos 50 anos, em Portugal, foi nesse sentido e que cabe a cada sociedade promover o debate sobre um “passado, presente e futuro de todas estas sociedades”.

Com o homólogo cabo-verdiano, José Maria Neves, na primeira fila, Marcelo pediu às centenas de estudantes na plateia que sejam “exigentes, críticos e livres” para se construir uma democracia em tempos de crise — tema da aula magna -, reiterando que uma democracia imperfeita e inacabada é sempre preferível a uma ditadura, mas desta vez dizendo-o perante uma grande plateia, na Uni-CV.

“Tenho uma esperança ilimitada em vós, jovens cabo-verdianos”, disse, destacando a dinâmica cultural, porque, quando esta existe, a “dinâmica cívica irrompe naturalmente”, referiu.

A aula foi o último momento da visita de Marcelo Rebelo de Sousa a Cabo Verde, centrada nas comemorações dos 50 anos da libertação dos presos do Tarrafal.

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